sábado, 12 de dezembro de 2015

Grupo canadense recua de compra de ações da Invepar, e OAS tenta plano B


Temendo não conseguir vender as ações da Invepar, a OAS costura com seus credores um plano alternativo para sua recuperação judicial. O grupo chegou a fechar um acordo com a Brookfieldsobre o preço mínimo para a venda da participação. Pelo acerto, a fatia de 24,4% seria repassada por R$ 1,350 bilhão. Mas a companhia canadense impôs novas condições para assinar o contrato e chegou a ensaiar desistir do negócio caso as exigências feitas, como ajustes no acordo de acionistas da Invepar, não pudessem ser cumpridas. Com o recuo, a OAS propôs aos seus principais credores que, caso a operação de venda fracasse, eles mesmos fiquem com as ações. 


O mecanismo seria acionado se a Brookfield desistir do negócio, nenhum interessado surgir no leilão de venda e os atuais acionistas da Invepar não queiram exercer o direito de compra da participação. São sócios da companhia de concessões os fundos de pensão Petros (funcionários da Petrobras), Previ (Banco do Brasil) e Funcef (Caixa).  Os credores ainda não deram o aval final para a proposta e as conversas seguem. O esfriamento das negociações também fez a Brookfield desistir do empréstimo, anunciado em maio, de R$ 800 milhões à OAS em troca do direito de cobrir ofertas pela Invepar. O acerto não está mais na mesa. A ideia agora é que parte do valor levantado com a venda da Invepar vá para a OAS. Se a operação não ocorrer, a empreiteira usará o dinheiro da venda de outros ativos. O aperto no caixa será maior, já que a injeção financeira deve ficar entre R$ 200 milhões e R$ 400 milhões, no melhor cenário. Há duas semanas, a OAS anunciou acerto para repassar parte da empresa de saneamento do grupo. Negocia ainda a venda da OAS Óleo e Gás, da OAS Empreendimentos e de estádios de futebol. Dona de concessões de rodovias, trem, metrô e responsável pelo aeroporto de Guarulhos, a Invepar é de longe o ativo mais valioso da lista. Quando ofereceu as ações ao mercado, no final do ano passado, o grupo achou que conseguiria levantar o dobro do oferecido pela Brookfield. Para executivos próximos às negociações, a situação do país piorou muito ao longo deste ano, afastando investidores. Além disso, há muitos ativos à venda no momento, o que torna os compradores mais exigentes. A situação se complicou, mas, com as solução alternativa proposta aos credores, a OAS acredita que conseguirá votar sua recuperação no dia 17 de dezembro. A companhia já adiou por cinco vezes a apreciação do plano. A proposta de pagamento aos credores não deve sofrer alterações significativas em relação ao que já foi apresentado. A OAS pretende quitar seus débitos em até 25 anos. Os fornecedores receberão em parcelas, mas sem descontos. Já os estrangeiros, que têm a maior parte da dívida, terão descontos de cerca de 70% no valor a receber. A prisão temporária nesta sexta-feira (11) do presidente da construtora OAS, Elmar Varjão, foi vista como mais um baque para o grupo. Ele havia substituído Léo Pinheiro, que fora preso no final de 2014 em decorrência de investigações da Operação Lava Jato. A avaliação no momento é que a prisão não deve afetar a recuperação. A dúvida é quanto minará a tentativa da empresa de se reerguer e disputar contratos no futuro. O grupo pediu a proteção da Justiça para escapar da falência em março. A empresa foi acusada de pagar propina a funcionários da Petrobras, e alguns de seus principais executivos foram presos pela Polícia Federal na Operação Lava Jato. Os credores anteciparam a cobrança de dívidas e não havia dinheiro suficiente para pagá-los. O plano de recuperação judicial prevê que a empresa fique apenas com a construtora, que deu origem ao grupo. Os demais negócios serão vendidos para o pagamento dos credores. O plano ainda não foi votado porque é preciso convencer os credores a dar descontos agressivos na dívida do grupo, de cerca de R$ 11 bilhões. Além disso, a venda da empresa de concessões Invepar, que tem uma fatia do aeroporto de Guarulhos, está demorando mais do que o previsto. Se a maior parte dos credores votarem contra o plano de recuperação, a falência é decretada. Se o plano for aprovado, a empresa acerta as dívidas, mas terá de voltar a ganhar contratos de construção para sobreviver.

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