quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Fitch retira grau de investimento do Brasil


A agência de classificação de risco Fitch retirou nesta quarta-feira o grau de investimento do Brasil. A instituição rebaixou o rating do nível BBB- para BB+, com perspectiva negativa. De acordo com a agência, o rebaixamento reflete a depressão mais profunda da economia que o antecipado e também acontecimentos fiscais adversos e crescente incerteza política. A Fitch informou também que a perspectiva negativa reflete contínua incerteza e risco de piora econômica. Também envolve risco de piora fiscal e política. No comunicado, a agência ainda citou efeitos negativos das investigações de corrupção na Petrobras e a deterioração econômica contínua, diante de condições econômicas mais fracas. De acordo com a Fitch, o ambiente externo segue difícil, com queda das commodities e desaceleração na China. A agência de classificação de risco destacou também que repetidas mudanças nas metas fiscais minaram a credibilidade da política fiscal e que o início do processo de impeachment contra a presidente da República, Dilma Rousseff, amplia incertezas políticas. A Fitch prevê que o déficit fiscal pode chegar a ultrapassar 10% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015. Segundo a agência, o déficit fiscal deve permanecer elevado em 2016 e 2017, em média acima de 7% do PIB. A decisão da Fitch já era amplamente esperada pelo mercado, que agora espera ações que revertam o cenário de desordem fiscal e incertezas políticas. "É um duplo golpe porque tem o rebaixamento e a perspectiva negativa. O país está sem uma agenda econômica e não está conseguindo reagir a nada. Ter selo de grau de investimento pressupõe país mais arrumado do que o que a gente é hoje", disse a economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif. "Não é uma grande surpresa. As agências estão dizendo que é daí para baixo", afirmou o economista-chefe do banco J.Safra e ex-secretário do Tesouro, Carlo Kawall. "(A decisão da Fitch) significa alta de risco Brasil, encarecimento do crédito, fica mais difícil ter taxa de juros mais baixa, significa menos crescimento e maior dificuldade em retomar a credibilidade, restaurar a confiança e voltar a crescer", acrescentou Kawall. Sobre o impacto de eventual saída de Dilma, a diretora sênior da Ficth Ratings, Shelly Shetty, disse que não era possível afirmar o impacto no rating do Brasil. "Nós teríamos que olhar o novo cenário político para avaliarmos as condições", avaliou. "O processo de impeachment é um revés, especialmente na área fiscal. Atrasa a implementação das medidas fiscais", afirmou. O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, também disse que o rebaixamento já estava precificado. "Já era esperado. Temos que dizer: somos rebaixados. O que vamos fazer para corrigir isso e ser elevado de novo a um grau de investimento adequado?", questionou. Ele afirmou que o diagnóstico e as propostas já estão dados, por diferentes partidos: PMDB, PSD e PSDB. "Sabemos o que fazer. Precisamos de ter alguém com coragem para fazer", defendeu.

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