quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Evento com promotores faz críticas à nova Lei do Direito de Resposta

Guilherme Nostre, doutor em direito penal pela USP e pela Universidade de Coimbra, e o jornalista Heródoto Barbeiro, criticaram a nova Lei do Direito de Resposta em evento do MPD (Movimento do Ministério Público Democrático), nesta quinta-feira (10). O que é isto, Ministério Público democrático? Existe um MP que seja autoritário, ditatorial, totalitário? Realizado na Faculdade de Direito da USP, no largo São Francisco, o evento discutiu os limites da liberdade de expressão e a aplicação da nova lei, aprovada pelo Congresso e sancionada pela presidente petista Dilma Rousseff em novembro. Segundo Nostre, a nova lei, que foi mal redigida, "faz uma confusão ideológica". "Existe uma questão que é a retificação de informações equivocadas. Outra coisa é o direito de resposta contra idéias e opiniões que afetem a honra, o que parece ser uma questão dúbia. Para que haja direito de resposta precisa ter havido um ataque à honra, e não uma manifestação de opinião que possa eventualmente atingir ou trazer algum tipo de desconforto à pessoa afetada", afirmou. "Não existe direito de resposta contra opinião. Isso não faz parte do que se admite em termos de proteção da liberdade de expressão", completou o especialista. Já Heródoto Barbeiro, editor da Record News, afirmou que a discussão sobre direito de resposta deveria ser feita no campo da ética pelos próprios profissionais de imprensa, como ocorre em países com democracia mais antiga e mais consolidada que a brasileira, e não por meio de lei. Um modelo possível, para ele, seria o que prevê que o ofendido dirija-se a um conselho de jornalistas, que se deve se reunir imediatamente para discutir o caso. Na opinião de Barbeiro, há algo "incipiente" no Brasil que caminha nesse sentido, mas relacionado à publicidade: o Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária). "Isso (direito de resposta) deveria ser discutido num tribunal ético, a ser feito espontaneamente pelos veículos de comunicação", defendeu. Presidente do MPD e mediadora do debate, Laila Shukair afirmou que o movimento concorda com Heródoto Barbeiro, pois uma de suas bandeiras é evitar a crescente judicialização dos conflitos, tentando apaziguá-los antes de acionar a Justiça. 

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