segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Eleição de comissão que analisará impeachment é adiada


Uma manobra de parlamentares da oposição, com aval do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), postergou a eleição da comissão especial que analisará o pedido de impeachment contra a presidente da República, Dilma Rousseff. O adiamento ocorreu no mesmo dia em que Dilma anunciou querer que o Congresso decida sobre o impeachment "o mais rápido possível". A indicação e a escolha da chapa com 65 deputados seria realizada nesta segunda-feira às 18 horas, mas ficou para esta terça-feira depois de opositores articularem a eleição de uma chapa alternativa. A intenção é evitar que líderes dos partidos da base governista que têm deputados com posições divergentes indiquem apenas integrantes alinhados ao Palácio do Planalto para barrar o processo. O primeiro racha foi na bancada do PMDB, depois de o líder Leonardo Picciani (RJ), defensor declarado de Dilma, sinalizar que não reservaria vagas para deputados pró-impeachment. A indicação dos nomes e a escolha dos integrantes da comissão deverão ocorrer às 14 horas desta terça-feira, o que pode esvaziar também a sessão do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar programada para votar o relatório preliminar do processo contra Eduardo Cunha no mesmo horário. Aliados de Eduardo Cunha, como o deputado Paulinho da Força (SD-SP), retiraram as indicações que já haviam sido feitas e vão apresentar nomes apenas na chapa paralela, nesta terça-feira. Segundo Paulinho, quando há divergências numa bancada pode haver candidaturas avulsas apresentadas pelos deputados e outra feita pelo líder. Ele disse que a chapa paralela poderá ser registrada com no mínimo 33 nomes e forçar uma disputa eleitoral. "Os líderes indicam seus nomes e formam uma chapa. Mas dentro das suas bancadas pode-se fomentar que parlamentares formem uma segunda chapa. Está permitida uma briga interna de cada bancada", disse ele. Já o líder do PT, o exótico motorista de táxi acreano Sibá Machado reagiu: "É inaceitável. Eu abandonei a reunião de líderes. Está tudo contaminado. Nós temos uma única chapa. Essa história de chapa avulsa tem o dedo dos tucanos para criar problema. Hoje à noite seria quase uma aclamação". Para o líder do PMDB, a decisão desta tarde indica um começo "ruim" e "grave" na análise do processo de impeachment contra Dilma Rousseff. Picciani alertou que a manobra articulada por Eduardo Cunha e deputados de oposição pode permitir que a comissão fique indefinidamente sem instalação - medida que atingiria justamente o objetivo de protelar a ação e deixar a presidente enfraquecida por mais tempo. "Deveria se prezar pela estabilidade das decisões do colégio de líderes para que a comissão pudesse legitimamente se instalar e iniciar esse debate", afirmou o peemedebista. Picciani é o principal alvo da estratégia adotada nesta tarde, já que está reticente em indicar nomes pró-impeachment. Peemedebistas da ala mais rebelde chegaram a articular a destituição do líder, mas, de acordo com Picciani, a medida não vingou. "Eu continuarei líder prezando pela estabilidade e pelo bom senso", afirmou.

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