sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Brasil ignora pedidos de Israel e barra novo embaixador


O governo brasileiro está postergando propositalmente a aceitação do novo embaixador de Israel, Dani Dayan, para forçar Tel Aviv a mudar sua indicação, reporta o jornal Times of Israel. Desde agosto, o Brasil vem ignorando os pedidos de Israel para que a indicação de Dayan seja aceita - sem esse procedimento, o novo embaixador não pode assumir seu posto e trabalhar no país. De acordo com o jornal israelense, o Brasil está descontente com a indicação de Dayan por dois motivos: não gostou da forma de como sua indicação foi conduzida; e por ele ser favorável aos assentamentos judaicos na Cisjordânia - território que, de acordo com a legislação internacional, pertence aos palestinos. O governo brasileiro é historicamente favorável à existência de dois Estados, Israel e Palestina. Dayan foi presidente do Yesha Council, a representação das comunidades judaicas instaladas na Cisjordânia. "Para o Brasil é um escândalo que Israel queira mandar um líder dos colonos como seu embaixador", diz um diplomata israelense sênior não identificado ao Times of Israel. Ainda de acordo com a fonte diplomática, Brasília estaria descontente também porque o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu nomeou publicamente o novo embaixador, antes mesmo de comunicar o Ministério das Relações Exteriores brasileiro, passando por cima de protocolos de boas relações diplomáticas. O antigo embaixador no Brasil, Reda Mansour chegou ao país em 2014 e ficou pouco mais de um ano no cargo. Ele deixou o posto porque sua mulher não quis se mudar para Brasília, informa o jornal. Desde a indicação de Dayan, o governo israelense vem tentando pressionar o Brasil para aceita-la. Em setembro, o ministro de Defesa de Israel, Moshe Yaalon, telefonou para seu colega, o ministro brasileiro Jaques Wagner - que é judeu -, para tentar convencer o governo a confirmar a nomeação de Dayan. Wagner teria dito que o processo de aprovação do novo embaixador iria continuar. Desde então, Wagner deixou a Pasta da Defesa e assumiu a Casa Civil, mas a aceitação do novo embaixador ainda não foi concluída. De acordo com a reportagem, funcionários do Ministério do Exterior de Israel se recusaram a comentar o assunto, mas em conversas privadas eles descrevem cenários do que poderia acontecer. Alguns diplomatas dizem que se o Brasil não aceitar formalmente Dayan até o final do mês, Israel vai rever sua indicação. Outros dizem que estão confiantes de que a Dayan será aceito pelo governo brasileiro. Um agrément (a aceitação, no jargão diplomático) é geralmente dado dentro de duas a três semanas. Quando, depois de meses, um embaixador não recebe o agrément do país anfitrião, o governo que o indicou entente que a sua escolha não foi aprovada. Os governos raramente dão respostas negativas aos pedidos de outros países para credenciar um embaixador nomeado. Em vez disso, eles simplesmente não respondem aos pedidos de agrément, sinalizando assim que desaprovam e esperam uma nova indicação.

Um comentário:

Unknown disse...

Infelizmente quando alguém diz "Para o Brasil é um escândalo ...", esta nos reservando uma coisa que não é nem de longe do conhecimento da nação.
Nosso desgoverno que por hora teria que nos representar, faz tempestades para que no final o mundo realmente tenha a certeza que somos anões diplomáticos.
Nossa política externa é indefensável ao mundo.Estamos sempre alinhados na contra mão das democracias vencedoras.
Temos um descomando e a falta de traquejo nos trás prejuízos morais e econômicos ...