terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Acordo da Andrade deve prejudicar concorrente Odebrecht


A Odebrecht será a empresa mais prejudicada pela decisão da Andrade Gutierrez de fazer acordos com os procuradores da Operação Lava Jato para obter uma punição menor para a empresa e seus executivos, de acordo com investigadores que atuam nas negociações. A razão é que elas são parceiras em algumas das maiores obras investigadas na Lava Jato e fora da operação, como o Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), a usinas Angra 3 e Belo Monte e a reforma do estádio do Maracanã. Em todas elas há indícios ou confissão de pagamento de suborno. No dia 27 de novembro foi divulgado que a Andrade Gutierrez e os procuradores haviam chegado a um acordo, segundo o qual a empresa aceitou pagar uma multa de R$ 1 bilhão, a maior da Lava Jato, e revelar crimes em obras da Petrobras e em outros setores públicos. Foram acertados dois acordos, um de leniência, no qual a empresa contará os crimes dos quais participou em troca de uma punição menor, e outro de delação premiada. A delação será feita por três executivos da Andrade que estão presos (Otávio Azevedo, Elton Negrão e Flávio Barra), também em troca de penas menores. A Odebrecht é a maior empreiteira do país, e a Andrade Gutierrez, a segunda. A Andrade vai revelar detalhes sobre como ela dividiu obras com a Odebrecht, o que pode caracterizar o crime de cartel, e como o pagamento de propina era repartido pelas empreiteiras em grandes contratos. No caso do Comperj, Andrade e Odebrecht foram contratadas junto com a Queiroz Galvão para fazer a terraplenagem, uma obra cujo valor final chegou a R$ 1,2 bilhão. O Tribunal de Contas da União determinou em maio deste ano, em decisão unânime, que houve um superfaturamento de R$ 76,5 milhões. A corte mandou a Petrobras cobrar esse montante do consórcio, executando as garantias oferecidas pelas empreiteiras. Na reforma do Maracanã para a Copa de 2014, foi o Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro que apurou sobrepreço de R$ 76 milhões na obra da Andrade Gutierrez e Odebrecht.

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