terça-feira, 3 de novembro de 2015

Rio Negro sobe, mas cenário de seca ainda não muda em Manaus


A cota do Rio Negro na sexta-feira (30) era de 15,99 m. A medição realizada no Porto de Manaus aponta que, após meses de vazante, o nível subiu 7 cm desde a quinta-feira (20). A mudança pode indicar a aproximação do período de enchente. Mesmo com subida do rio, o cenário de seca ainda não mudou na região. Casas flutuantes e embarcações ficaram encalhadas e o lixo ficou aparente em algumas áreas da capital durante a seca deste ano. A descida do rio sofreu influência do El Niño. De acordo com o engenheiro civil responsável pela medição do Rio Negro no Porto de Manaus, Valderino Pereira, ainda não é possível afirmar que a vazante chegou ao fim. "Este final de vazante é cheio de variações do rio. Fica difícil a gente saber algumas afirmações. O que eu posso dizer é que a vazante praticamente acabou. Já encheu 7cm em dois dias. Pode ser a enchente propriamente dita, ou pode ser repiquete", disse ele. De acordo com a medição realizada no Porto Privatizado de Manaus, o nível do negro desceu o total de 7,26 m entre o dia 1º de outubro e a quarta-feira (28). Durante a seca, o lixo que antes era levado por igarapés e pelo Rio Negro fica concentrado em alguns pontos da capital. Grande quantidade de resíduos se acumula no bairro São Raimundo e orla da Manaus Moderna.


De janeiro a março, ainda com o rio mais cheio, a Secretaria Municipal de Limpeza Urbana (Semulsp) informou que recolheu cerca de mais de 236 mil toneladas de resíduos sólidos em Manaus. Para fazer a retirada do lixo de forma mais rápida, a Semulsp disponibilizou duas balsas, botes, escavadeiras hidráulicas e equipe extra de trabalhadores na operação. O baixo volume de água do Rio Negro mudou paisagens em algumas áreas da cidade. Antes inundada pela quarta maior enchente da história, a faixa de areia da Manaus Moderna, área central da cidade, dá espaço para veículos e pedestres. Na Zona Sul, barcos estão encalhados em terra firme. No Lago do Aleixo, a terra que antes estava inundada rachou.


A redução de chuvas e o calor intenso causados pelo fenômeno El Niño contribuem para a rápida queda do nível do rio, segundo especialistas. De acordo com o superintendente do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), Marco Antônio de Oliveira, a vazante pode durar algumas semanas. "A atenção tem que ser dada para região do Alto Rio Negro, onde só vai finalizar no mês de janeiro ou fevereiro. A tendência é que o rio continue caindo na região de Barcelos até São Gabriel da Cachoeira. Agora, no Rio Amazonas e Solimões já é um final de vazante. O rio não deve descer mais que no ano de 2010, pelo menos por enquanto", disse ele. A cheia - subida do rio - ocorre geralmente entre maio e julho. Na capital, a vazante - período de descida das águas - do Rio Negro tem início no segundo semestre e pode terminar até no mês de fevereiro do ano seguinte, conforme registros do CRPM. 

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