quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Prisão de André Esteves ameaça rating do BTG e pode afetar fundos


A prisão de André Esteves por suspeita de obstruir o andamento da Operação Lava Jato, nesta quarta-feira, pode trazer complicações ao BTG Pactual, controlado por ele. Esse risco se apresenta mesmo sendo o BTG uma instituição com finanças consideradas sólidas, conforme atestou o Banco Central na manhã desta quarta. O receio refletiu-se nas ações do BTG, que fecharam em baixa de 21%. Um dos possíveis impactos poderá ocorrer na nota de risco de crédito do banco. Uma eventual ausência prolongada de Esteves ameaça sua classificação de crédito, afirmam analistas do setor e a própria agência de classificação de risco Moody's. Esteves está sob prisão temporária de cinco dias, que pode ser estendida pelo mesmo prazo, segundo o Supremo Tribunal Federal. O risco de haver consequências negativas para o banco - e, por extensão, para o setor financeiro - existe, mas precisa ser relativizado, segundo especialistas. Por se tratar de um banco de investimento com o foco em fundos institucionais, e não em pessoas físicas, o impacto da notícia não é imediato, exceto para os detentores de ações da instituição, explica o professor da Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo, Alberto Borges Matias. "No futuro, isso pode ter um impacto no rating do banco, e, a partir disso, instituições financeiras com crédito concentrado no BTG podem sofrer com o não-pagamento de títulos", afirma. O professor salienta, no entanto, que essa é uma possibilidade ainda remota, já que as investigações se limitam, por ora, na figura pessoal de Esteves, e não na instituição BTG. O economista Alexandre Assaf Neto, autor de diversos livros na área de finanças, concorda que as consequências seriam mais severas se o banco fosse o alvo das investigações. "Seria muito pior se o BTG, enquanto instituição, estivesse envolvido", disse. Atualmente, o BTG é o quinto maior administrador de fundos do Brasil, com quase 180 bilhões de reais em ativos sob administração, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). O ex-economista chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Roberto Luis Troster, lembrou que mais da metade das operações do BTG fica fora do Brasil e funcionam de forma independente de Esteves. "Além disso, o BTG é um banco muito estruturado, que funciona muito bem, com mais de uma centena de executivos próprios." Ele reforça que ainda é muito cedo para fazer quaisquer inferências sobre impactos no sistema bancário. "Não sabemos exatamente qual o teor das acusações", diz.

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