quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Plano B a acordo com Petrobras é parar petroquímicas, diz Braskem

A Braskem não tem plano alternativo para o acordo de longo prazo com a Petrobras para o fornecimento de nafta petroquímica. A afirmação é do presidente da empresa, Carlos Fadigas. "O plano B a um novo acordo de fornecimento de nafta com a Petrobras é parar o setor petroquímico do país. Ou seja, não existe", disse. De acordo com Fadigas, o prazo para que um novo acordo de fornecimento do produto seja definitivamente fechado é 15 de dezembro. A nafta é um material obtido a partir do petróleo que tem diversos usos na indústria, como a de plásticos, onde a Braskem atua, assim como a de remédios.


O fornecimento do produto à empresa vem sendo feito com base em um contrato de 2009 que já teve cinco aditivos em meio a uma queda de braço entre as duas companhias. Essa disputa tem atrasado o fechamento de um novo acordo de longo prazo, o que gera insegurança sobre o fornecimento do produto no Brasil. "Não havendo um novo acordo e um novo contrato, o risco é de fechamento de polos petroquímicos, e o de São Paulo é o mais ameaçado", afirmou. A declaração foi dada em coletiva de imprensa na nova unidade da Braskem Idesa, em Coatzacoalcos, no Golfo do México. A fábrica deve começar a produzir após a segunda metade de dezembro, e é uma joint venture da petroquímica brasileira com a mexicana Idesa, que também atua no setor. Fadigas se diz, no entanto, otimista quanto ao cumprimento do prazo de dezembro. "Um ponto importante foi o envolvimento do governo", disse. O último aditivo, assinado no fim de outubro, prevê que a Braskem compre a nafta pelo mesmo preço cotado no mercado europeu, a nafta ARA (Amsterdã, Roterdã e Antuérpia), atualmente em torno de US$ 425,00 por tonelada. A Petrobras defende que o produto seja fornecido por esse preço ou por um valor superior. A Braskem é contrária a essa proposta, argumentando que o valor referenciado no mercado europeu já é o mais alto do mundo, dianteira que seria ampliada com uma alta dos preços do petróleo. Segundo a empresa, essa diferença tende a se tornar cada vez mais pronunciada conforme se amplia a produção do polietileno a partir do gás etano na América do Norte, que teve sua cotação, chamada nafta Mont Belvieu rebaixada para cerca de US$ 135,00 (valor 68% menor do que o da ARA) com a maior exploração do gás de xisto a partir do método de faturamento hidráulico. Para o acordo em negociação, Fadigas defende um cálculo que misture as duas cotações. "Poderia ser mesmo somar as duas e dividir por dois", diz. Segundo Fadigas, atrapalhou a negociação o fato de que a Petrobras afirmava que o setor petroquímico deveria arcar com os preços de importação da nafta. Na argumentação da empresa a produção brasileira do produto seria suficiente para suprir o mercado petroquímico, e as importações só teriam ocorrido porque a Petrobras passou a adicionar nafta à gasolina para suprir o aumento do consumo incentivado pelo congelamento dos preços do combustível. A companhia usa em sua argumentação por um preço abaixo do mercado o acordo firmado com o governo do México com a Braskem Idesa, que garante o fornecimento do etano por preços menores do que os cotados no mercado americano, que já é um dos mais vantajosos do mundo. Originalmente, o contrato firmado em 2009 no Brasil permitia que a empresa pagasse um preço abaixo do mercado em momentos de alta da cotação de petróleo. Em momentos de baixa, a Braskem pagava à Petrobras um valor maior do que o cobrado internacionalmente, em tese contrabalançando os momentos em que a estatal concedia preços mais favoráveis. Esse modelo passou a ser questionado, no entanto, pelo Tribunal de Contas da União, segundo o qual o acordo teria trazido prejuízo à estatal de petróleo. De acordo com delações premiadas no âmbito da Operação Lava-Jato, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa teria recebido propina de US$ 5 milhões ao ano ao permitir um contrato mais vantajoso para a Braskem.

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