Cerca de 90 funcionários da Petrobras estão confinados há nove dias na Refinaria Presidente Bernardes, no pólo petroquímico de Cubatão, desde que foi iniciada a greve da categoria, na última quinta-feira (29). Os operários não foram substituídos por outras equipes, pois não houve rendição. A refinaria deve funcionar sem interrupção. De acordo com Rafael Góes, diretor do Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista, a Petrobras instalou dormitórios improvisados e os empregados estão trabalhando em esquema de revezamento. O sindicato recorreu à Justiça, que determinou a liberação de 30 funcionários. “A Petrobras não colocou equipes de contingência suficientes para operar a unidade com segurança e os trabalhadores se sentiram inseguros. A gente está orientando discutir a parada das unidades para a saída desses trabalhadores, já que a empresa não está oferecendo contingente para substituí-los”, disse Rafael Góes. A refinaria produz 178 mil barris por dia, que tem como destinos a cidade de São Paulo, a Baixada Santista e as regiões Norte, Nordeste e Sul do País. Situação parecida ocorre na Refinaria Replan, em Paulínia, na região metropolitana de Campinas. A greve começou às 15h do domingo (1º), com adesão total do turno, segundo o Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo. Sem funcionários do setor de operações, a Petrobras convocou uma equipe de contingenciamento, formada por supervisores, gerentes e engenheiros de processo, conforme o sindicato. De acordo com o coordenador da regional Campinas do Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo, Gustavo Marsaioli, há dificuldade em trocar os turnos, com isso a jornada tem sido de 12 horas. “A notícia que a gente tem é que essa equipe de contingência, em alguns setores, está incompleta, o que coloca a refinaria, na nossa avaliação, numa situação de risco. Um operador de refinaria opera partes da planta, que são muito complexas, grandes”, disse. O sindicato estima que 20% dos funcionários da área administrativa, que funciona em horário comercial, aderiram à greve. No segmento operacional, a adesão é total. A Replan responde por 20% de todo o refino de petróleo no País. A Refinaria Capuava, em Mauá, na Grande São Paulo, também teve adesão total dos trabalhadores ao movimento grevista, segundo o Sindicato Unificado. O mesmo ocorre nos cinco terminais da Transpetro na região, da Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia Brasil (TBG), nas cidades de Campinas e Hortolândia; e na Usina Termelétrica de Luiz Carlos Prestes, em Mato Grosso do Sul. No total, incluindo os funcionários da Replan, são aproximadamente 5 mil trabalhadores parados, de acordo com estimativa o sindicato. Na Unidade de Tratamento de Gás Monteiro Lobato (UTGCA), em Caraguatatuba, no litoral paulista, 60% das funções administrativas estão paradas e o turno operacional segue paralisado. “Na prática, a gente não está abrindo para o abastecimento dos caminhões de gás GLP”, disse o diretor do sindicato, Rafael Góes. A usina recebe gases produzidos no pré-sal, na Bacia de Santos. A Petrobras entrou com liminar para liberar a saída dos caminhões, que foi negada pela Justiça. O Terminal Aquaviário de São Sebastião teve paralisação total nas operações e 80% do setor administrativo. O terminal, o maior da Transpertro, recebe petróleo nacional e importado e abastece as refinarias do estado de São Paulo. O Terminal Alemoa, na cidade de Santos, teve adesão semelhante. Na plataforma em alto-mar, na Bacia de Santos, de Merluza, as atividades também foram prejudicadas com a greve. (AB)
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