quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Ex-presidente da Transpetro admite encontros com operador do PMDB


Em depoimento à Polícia Federal, o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, admitiu que teve encontros com Fernando Soares, o Baiano, apontado como operador do PMDB no esquema de corrupção da Petrobras. A empresa é a subsidiária da Petrobras responsável pelo armazenamento e transporte de combustível. Sérgio Machado, aliado do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ocupou o cargo por mais de dez anos e deixou o posto após os desdobramentos das investigações do esquema. A Operação Lava Jato investiga se propina de empresas que fecharam contratos com a Transpetro foi paga a políticos, entre eles, Renan. Fernando Baiano e Paulo Roberto Costa, dois delatores, afirmaram em seus acordos de colaboração premiada que o senador era beneficiário dos desvios da subsidiária. Costa, ex-diretor de Abastecimento, disse ainda que Machado lhe entregou ainda R$ 500 mil em espécie. Investigadores encontraram anotações de Costa com FB e Navios, que segundo a PF são referências a Fernando Baiano e Transpetro. Questionado pela PF sobre reuniões com Fernando Baiano, Sérgio Machado reconheceu que conhece o lobista e que estiveram juntos na Transpetro "em algumas oportunidades, com o propósito de tratar de empresas que ele (Baiano) representava." Que não recorda o nome das empresas, lembrando apenas que uma delas tinha sede na Espanha e que a Transpetro não firmou contratos com nenhuma dessas empresas, uma vez que a área de atuação não correspondia aos interesses da estatal", completou. Aos investigadores, Machado negou que tenha feito pagamento a Costa. "Tal fato não existiu e que desconhece as razões que levaram Paulo Roberto Costa a fazer tais afirmações". O ex-presidente afirmou ainda que "Costa não detinha poder de decisão sobre as contratações, em face do que não há sentido suposta vantagem que ele teria oferecido". Machado quis se desvincular de Renan afirmando que não possui relação pessoal com o senador. Segundo ele, sua indicação para o cargo foi patrocinada pelo PMDB nacional. "Tal indicação foi resultado de uma avaliação do próprio partido, por seus líderes, membros e dirigentes, não se podendo atribuí-la a uma pessoa ou outra. Ele apontou que fazia contatos com Renan "assim como fizera com diversas autoridades públicas" e sustentou ainda que não tinha relação pessoal com Paulo Roberto. O presidente do Senado tem negado que tenha relação com o esquema de corrupção na estatal e sempre disse que suas relações com dirigentes de empresas públicas "nunca ultrapassaram os limites institucionais". Em relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal a Polícia Federal pediu a prorrogação do inquérito que investiga se Renan tem ligação com desvios na Transpetro argumentando que há dificuldade para avançar nas investigações. O delegado Thiago Delabary sustentou que não realizou diligências nesse caso e que "carece de maior direcionamento, ou seja, de elementos complementares que permitam traçar uma linha investigativa factível". Em sua manifestação, o delegado indica não saber os contratos da Transpetro em que há suspeitas de irregularidades e sustenta que "torna-se inviável encetar pesquisas 'às cegas' abarcando as centenas de contratos. A posição da Polícia Federal será encaminhada ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que comanda os rumos das investigações de políticos com mandatos no STF e pelo ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato, no STF.

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