quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Defesa de Bumlai pede habeas corpus e compara prisão com ditadura


A defesa do pecuarista José Carlos Bumlai, detido na terça-feira (24) na Operação Lava Jato, afirmou à Justiça que a prisão preventiva do empresário é "ilegal e política" e a comparou à repressão da ditadura militar. Para os advogados, que pediram a revogação da prisão nesta quarta-feira (25), a medida foi tomada "em nome do extermínio da corrupção", sem provas concretas, violando o direito de defesa. "Esse voluntarismo bem-intencionado (do combate à corrupção) não pode justificar uma decisão política, violadora da garantia constitucional da presunção de inocência", escreveram os defensores Arnaldo Malheiros Filho, Daniella Meggiolaro e Arthur Prado. Na petição, a defesa ainda afirma que, quando "os grandes inimigos públicos eram os comunistas", a Justiça também adotava "o utilitarismo e a primazia da segurança social sobre os direitos individuais". Para eles, faltam evidências de que Bumlai agiria para obstruir as investigações ou usaria o nome do ex-presidente Lula, seu amigo pessoal, para constranger testemunhas. "Tudo são suposições", escrevem os advogados: "Não se fala que Bumlai constrangeu, ameaçou, utilizou ou acobertou. Há apenas conjecturas de que poderia". O pecuarista é investigado por ter feito empréstimos que seriam destinados a agentes políticos, realizando saques milionários em espécie. Em 2004, ele obteve R$ 12 milhões emprestados do Banco Schahin. Suas empresas também contraíram cerca de R$ 500 milhões no BNDES, entre 2005 e 2012. Para o juiz Sergio Moro, que decretou sua prisão, as provas indicam que ele "disponibilizou seu nome e suas empresas para viabilizar, de maneira fraudulenta, dinheiro a partido político, com todos os danos decorrentes à democracia". A defesa diz que o decreto foi "uma pré-sentença condenatória", e que Bumlai nunca se furtou a prestar esclarecimentos ou a entregar documentos à Justiça. Portanto, outras medidas cautelares que não a prisão poderiam ter sido adotadas. O pedido de habeas corpus foi feito ao Tribunal Regional Federal em Porto Alegre, instância superior à Justiça Federal no Paraná. Os juízes ainda devem analisar o pedido. Preso desde a manhã de terça-feira (24), Bumlai está sozinho em uma cela na sede da Polícia Federal em Curitiba, em ala separada do doleiro Alberto Youssef. No seu primeiro dia detido, passou a maior parte do tempo rezando, com uma Bíblia recebida de sua advogada. No caminho do aeroporto à carceragem em Curitiba, quase chorou, segundo o relato de policiais. Mesmo detido, continuou vestindo camisa e sapato social. Bumlai é hipertenso, mas não tem dieta especial; toma apenas um remédio para controle de pressão. O pecuarista almoçou carne moída e jantou feijoada com linguiça toscana. Abriu mão do café, porque só bebe descafeinado. À tarde, recebeu a visita do filho Fernando e do genro André. No sábado, o empresário fará 71 anos.

Um comentário:

Cavallier Bus disse...

MAS ELE NÃO MENCIONOU A DITADURA DO ROUBO DA QUADRILHA.