quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Cerveró é de novo conduzido para a sede da Polícia Federal, em Curitiba, por motivo de segurança

O ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, foi foi transferido no fim da tarde desta quarta-feira (25) para a sede da Polícia Federal de Curitiba. Ele chegou por volta das 18 horas. Preso na Operação Lava Jato há dez meses, Cerveró estava desde o dia 12 de novembro no Complexo Medico Penal, em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. A transferência aconteceu para preservar sua segurança, segundo fontes ligados à Polícia Federal. O pedido para voltar à carceragem foi feito por seu advogado, Beno Brandão. Há a avaliação de que a integridade física de Cerveró está em risco depois que ele fechou um acordo de delação premiada em que entregou provas de que o senador Delcidio de Amaral (PT-MS) tentava interferir nas investigações da Lava Jato e inviabilizar a delação premiada do ex-diretor. A prisão de Delcídio é preventiva, ou seja, sem data para ser relaxada. A do banqueiro é temporária. Relator dos processos da Lava Jato no Supremo, o ministro Teori Zvascki informou que um dos motivos da prisão do petista foi a oferta de uma "mesada" de pelo menos R$ 50 mil para que o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró não fechasse acordo de delação premiada na investigação que apura um escândalo de corrupção na Petrobras. O dinheiro seria fornecido por Esteves, segundo gravação de conversa entre o senador, o advogado Edson Ribeiro – também preso preventivamente, e que cuidava da defesa de Cerveró – e o filho do ex-diretor. A acusação usou essa gravação para pedir as prisões. O relato do ministro foi feito no início da sessão da Segunda Turma do STF que, em reunião extraordinária, manteve a prisão do petista. A acusação foi apresentada a Teori pela Procuradoria-Geral da República. A Procuradoria apontou ainda que Delcídio indicou a Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras, que teria condições de influir sobre ministros do Supremo para garantir a liberdade do ex-diretor da Petrobras e chegou a tratar de uma eventual rota de fuga do ex-diretor caso a Justiça concedesse um habeas corpus a ele. A ligação do senador com Cerveró remonta ao final dos anos 90, quando Delcídio chegou a comandar a diretoria de gás da estatal no final do governo Fernando Henrique Cardoso (1999-2001). Cerveró era o número 2 de Delcídio. Com a prisão, a liderança do governo no Senado deverá ficar com um dos vice-líderes. Em relação ao banqueiro André Esteves, que também foi preso nesta quarta, os investigadores sustentam que ele teria oferecido apoio financeiro à família de Cerveró para que também não fosse citado na delação. Além disso, ele teria sido prometido ao advogado Edson Ribeiro – também preso preventivamente – que cuidava da defesa de Cerveró, pagamento de R$ 4 milhões em honorários para que o ex-diretor não firmasse delação. Teori disse a seus colegas que Esteves tinha cópias sigilosas dos depoimentos que Cerveró prestou aos procuradores para fazer o seu acordo de delação. Esse foi um dos motivos para o pedido de prisão do banqueiro pela Procuradoria Geral da República. Ribeiro não foi detido porque está nos Estados Unidos. Segundo fontes da Polícia Federal, o ministro Teori pedirá que seu nome seja incluído na lista da Interpol.

Nenhum comentário: