quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Assessor de Delcídio diz que advogado de Cerveró esperava ser remunerado

Deflagrada nesta quarta-feira (25) pela Procuradoria Geral da República e pela Polícia Federal por ordem do STF, a operação que prendeu o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) levantou indícios de que o advogado de um dos delatores da Operação Lava Jato esperava receber dinheiro do parlamentar e da Petrobras. Também foram encontrados indícios de que o senador jantou com um dos delatores da Operação Lava Jato, Julio Camargo, em abril de 2015, meses depois de o empresário ter fechado seu acordo de delação premiada com a Lava Jato. Delcídio foi preso por ordem do Supremo Tribunal Federal por suspeita de obstruir a Justiça ao tentar impedir que o ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, o incriminasse em uma delação premiada que estava em negociação com o Ministério Público Federal – ela foi fechada no último dia 18. Diversas anotações foram apreendidas em poder do assessor parlamentar Diogo Ferreira Rodrigues, identificado pela Procuradoria Geral da República como chefe de gabinete do senador e que também foi preso nesta quarta-feira (25). Ele trabalha com o senador desde 2002. Em depoimento, Rodrigues afirmou que uma anotação de R$ 100 mil, associada ao nome do advogado Edson Ribeiro, significava um oferecimento de serviços advocatícios do profissional ao senador. Rodrigues não confirmou se o dinheiro foi pago. Edson Ribeiro é o advogado de Cerveró na Lava Jato e, em uma gravação feita pelo filho do ex-diretor, Bernardo, aparece combinando com Delcídio uma forma de tentar silenciar Cerveró, segundo a investigação. A Polícia Federal encontrou em poder de Rodrigues outras três anotações de valores: R$ 147 mil, R$ 600 mil e R$ 500 mil. Segundo Rodrigues, são referências a três notas fiscais de suposta prestação de serviços advocatícios cujos valores o advogado Ribeiro esperava receber de uma seguradora vinculada à Petrobras, não identificada. Rodrigues afirmou que o advogado havia pedido que o senador fizesse gestões para ele receber esses valores. Rodrigues também reconheceu, no depoimento, que recebeu a tarefa de Delcídio para acompanhar o andamento de um habeas corpus, de número 130.995, que segundo ele tinha por objetivo anular a delação premiada fechada por outro ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, com a Operação Lava Jato. A possível anulação da delação por meio desse habeas corpus também foi foco de conversa gravada pelo filho de Cerveró. A Polícia Federal também encontrou com Rodrigues cópias de supostos termos de depoimento prestados por Cerveró no acordo de delação premiada que estava em gestação. O assessor afirmou que o advogado Edson Ribeiro entregou ao parlamentar, há cerca de três meses, anexos da colaboração. Para o assessor, o objetivo de Ribeiro era demonstrar que tinha informações importantes e que precisava ser contratado pelo senador. Também foram apreendidos papéis, em poder de Rodrigues, com os nomes do senador Renan Calheiros e do banqueiro André Esteves, outro que foi preso nesta quarta-feira. Segundo Rodrigues, ele foi orientado por Delcídio a falar com Renan sobre emendas parlamentares, mas não esclareceu quais emendas seriam essas, qual o propósito da conversa e porque estavam relacionadas ao nome de Esteves. O depoimento de Rodrigues foi prestado na presença do delegado federal Felipe de Alcântara Barros Leal e da procuradora federal Anna Carolina Resende Maia, que representava a Procuradoria Geral da República.

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