segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Agências ameaçam rebaixar classificação de risco do BTG Pactual


A prisão de André Esteves, presidente e principal acionista do BTG Pactual, pode levar ao rebaixamento do banco pelas agências de classificação de risco. Fitch, Moody's e Standard & Poor's colocaram as notas do BTG em observação. Na avaliação delas, a instituição financeira enfrenta dois problemas: a forte identificação da imagem de Esteves com a do banco e os efeitos da notícia na liquidez do banco. A Fitch classifica o banqueiro como um presidente "atuante e carismático", o que pode prejudicar o processo de sucessão, caso sua saída definitiva do cargo seja necessária. Persio Arida, sócio fundador, assumiu interinamente a presidência já na quarta (25). "Reputação, imagem, confiança, são todos valores importantes na gestão de um banco como esse", afirma Eduardo Ribas, analista do BTG na agência de rating. "E na avaliação do perfil de crédito e risco da instituição, vai ser importante considerar tanto os aspectos financeiros quanto os efeitos com relação a isso."


O caixa do BTG pode ser afetado por um movimento de resgates de recursos de investidores preocupados com a credibilidade da instituição. A capacidade de captação do banco também pode sofrer deterioração. "A ação sobre a nota reflete a preocupação da Moody's de que a detenção pode impactar o relacionamento do banco com seus clientes e parceiros", diz nota da agência. Os analistas reconhecem, no entanto, que o banco de Esteves tem dinheiro em caixa para lidar – ao menos em parte – com a dependência de financiamento do mercado. De acordo com seu balanço, o BTG tem R$ 40 bilhões em caixa. "Mas, muito mais importante do que ter condições de arcar com todos os resgates que poderiam ser feitos, é o quanto efetivamente foi resgatado", afirma Ribas, da Fitch. De acordo com ele, a agência tem a acesso a algumas informações sobre o assunto repassadas pelo banco, mas não pode divulgá-las. Ele admite, porém, que é esperado um volume maior de saques nos primeiros dias após a prisão. Os desdobramentos da situação definirão se os resgates continuarão ou não. A colocação da nota do BTG Pactual em observação significa que as agências devem tomar uma decisão sobre o rebaixamento em até seis meses. Segundo Ribas, a expectativa é que em 90 dias já seja possível ter mais informações para avaliar o cenário. O principal risco, no médio prazo, é que as investigações apontem ligação entre os negócios do banco e as ações de seu presidente, o que, diz a Moody's, seria motivo para um rebaixamento de um ou mais níveis. "Se o banco estiver envolvido, é um cenário mais complicado, porque há um questionamento sobre governança. Se não, isso fica isolado, e em algum momento há algum tipo de desconexão entre a pessoa [Esteves] e a instituição", diz Ribas. Ele afirma ainda que a agilidade de reação do banco à prisão foi positiva. "Foram decisões tomadas com o objetivo de sinalizar para o mercado uma situação de maior equilíbrio e minimizar os impactos das retiradas ou da redução da liquidez", diz.

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