sexta-feira, 30 de outubro de 2015

"Tinha muita gente pagando e muita gente recebendo", diz ex-gerente da Petrobrás sobre propinas



O ex-gerente de Engenharia da Petrobrás, Pedro Barusco, confirmou nesta quinta-feira, 29, à Justiça Federal, em Curitiba, que os cinco estaleiros contratados para construção de 28 navios-sonda, em 2011, acertaram o pagamento de 1% de propina para o PT e para executivos da estatal e da empresa Sete Brasil. Ele foi interrogado como réu no processo contra o presidente da Odebrecht, Marcelo Bahia Odebrecht, e executivos do grupo por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. “Tinha muita gente pagando e muita gente recebendo. Era uma coisa bastante complexa esse financeiro”, afirmou Barusco – delator da Operação Lava Jato – na manhã desta quinta-feira. O ex-gerente, que era uma espécie de contador da propina arrecadada na área de Serviços, controlada pelo PT, disse que todos os cinco estaleiros, incluindo o da Odebrecht (Enseada Paraguaçu), contratados para projeto de 28 plataformas fecharam o pagamento de 1%. Eram cinco estaleiros que ganharam todas as encomendas das plataformas, um pacote de US$ 22 bilhões, que envolveu ainda a empresa Sete Brasil, criada pela Petrobrás com bancos privados e fundos de pensão. “Então estava combinada uma propina de 1%.” Barusco voltou a contar que esses valores seriam divididos em três partes: uma para o partido, outra para a “Casa 1″ (referência a executivos da Petrobrás, Renato Duque e Roberto Gonçalves, e a ‘Casa 2′ (supostamente executivos da Sete Brasil, entre eles os delatores João Carlos Ferraz, ex-presidente da empresa, e Eduardo Musa, ex-diretor). “Foi feita uma divisão de quem pagaria para quem, de acordo com os procedimentos”, explicou Barusco ao ser questionado por Moro. “Porque dois terços ficaram para o partido e um terço ficou para as duas Casas.” O delator contou que ele, o ex-diretor de Serviços Renato Duque e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto combinaram a seguinte divisão de pagamentos. “O Keppel (Fels, estaleiro) paga uma parte para o partido até R$ 4 milhões e meio, depois paga Casa 1 e 2. O Enseada do Paraguaçu, o Atlântico Sul e o da Engevix pagam para o partido e o Jurong paga integralmente para as Casa 1 e 2.” Propina nos navios-sonda é foco de outra apuração, mas foi citada no interrogatório por uma das defesas. Barusco confirmou saber dos acertos entre o cartel e o recebimento de propina no esquema. Ele apontou Rogério Araújo, ex-executivo da Odebrecht preso pela Lava Jato, como um dos responsáveis pelo acerto do pagamento do 1% de propina pelos contratos. O juiz da Lava Jato quis saber então do delator se o executivo fazia referências aos seus superiores para atuar nesses esquemas. Barusco respondeu ‘sim’. “No caso que o sr conversou com o sr Rogério Araujo, ele disse que tinha que consultar os superiores?”, perguntou Moro. “Isso ele sempre falava.”

Nenhum comentário: