quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Outro fatiamento: amigão de Lula ficará sob os cuidados de Moro

Ai, ai… Às vezes, é preciso esperar que o tempo passe para que a verdade apareça. Má notícia: nem sempre isso acontece. Quando Teori Zavascki fatiou uma das denúncias decorrentes do petrolão, escrevi (para ler, clique aqui e aqui) que a decisão era consequência da forma como o Ministério Público e o próprio juiz Sérgio Moro haviam conduzido a Lava-Jato. EU NÃO ESTAVA JUSTIFICANDO NADA. ESTAVA EXPLICANDO AS RAZÕES. Mais do que isso: eu me disse contrário ao fatiamento desde o princípio. Aliás, escrevo contra ele desde sempre. Ocorre que, por ocasião daquela decisão de Zavascki, houve o temor de que réus saíssem da jurisdição de Sérgio Moro. Fui atacado aqui e ali porque eu estaria apoiando uma suposta diminuição dos poderes de Moro. Segundo certa leitura que anda por aí, se o juiz disser que o Sol gira em torno da Terra, a gente deve dar um pé no traseiro de Galileu e queimar de novo Giordano Bruno. Como o único soberano diante do qual me ajoelho não é deste mundo, isso não acontece comigo. Por que isso? Nesta terça, Teori Zavascki praticou um novo fatiamento. As denúncias de Fernando Baiano passaram pela máquina de mortadela. José Carlos Bumlai, o amigão de Lula — aquele que podia entrar no Palácio do Planalto quando o Babalorixá de Banânia era presidente a qualquer hora — vai ficar sob a jurisdição de… Sérgio Moro!!! E agora? Aquele fatiamento cuja natureza técnica expliquei seria ruim — e tentaram fazer ilações improcedentes —, mas esse é bom? Será, então, que positivo é tudo o que fica com Moro e negativo tudo o que sai da mão dele? Será que ele virou o único juiz confiável do Brasil? Será que devemos ser favoráveis ao fatiamento quando o investigado fica com Moro e contra o fatiamento quando não fica? É essa noção que alguns têm de Justiça? Só para lembrar: segundo Baiano, Bumlai fez de Lula um lobista da OSX — empresa de Eike Batista —, que queria fazer um contrato com a Sete Brasil para a construção de navios-sonda. Pelo serviço de Lula, Baiano disse ter pagado R$ 2 milhões a Bumlai, que teria repassado o dinheiro para uma nora do Apedeuta.
Só pra lembrar
Eu era contra qualquer fatiamento desde o início porque entendo que o petrolão é um crime essencialmente político, que não se resume a um roubo corriqueiro. Acho que se trata de uma organização criminosa que buscou assaltar o Estado brasileiro. Os malfeitos estão diretamente ligados à forma como um partido organiza o poder, além, claro!, da pura e simples ladroagem. Quando o STF cuida de políticos, e a primeira instância, dos demais criminosos, perde-se se vista o que me parece ser uma verdade evidente. Essa distorção inicial levou a que, até agora, não se tenha ninguém do Poder Executivo investigado. Fica parecendo que o maior escândalo do mundo foi criado com empreiteiros malvados unidos a deputados de segunda linha. Ainda voltarei a esse ponto. Mas retomo o essencial: Bumlai, o amigão de Lula, ficará sob os cuidados de Sérgio Moro. Já que é assim, alguns que antes vituperaram contra a decisão de Zavascki vão agora se calar. Afinal, segundo essa leitura, fatiamento bom é aquele com o qual a gente concorda, e ruim, aquele de que a gente discorda. Vocês sabem muito bem que não é assim que eu penso. Por Reinaldo Azevedo

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