quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Os sócios Cunha e Dilma já compram votos no Conselho de Ética


Prestes a enfrentar um processo no Conselho de Ética, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), começa a fazer contas de votos e mapear o posicionamento dos integrantes do colegiado, única instância na Casa onde foi derrotado este ano, quando seu candidato, Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), perdeu a disputa pela presidência para José Carlos Araújo (PSD-BA). Há uma avaliação de que cada voto pode fazer a diferença e de que, nesse momento, o resultado do processo é “imprevisível”. Ainda há dúvidas se os votos que podem salvar Cunha partirão da oposição, que pode decidir apoiar o peemedebista em troca do prosseguimento do pedido de impeachment, ou do PT, pressionado pelo governo para evitar a deflagração do processo de impedimento da presidente Dilma Rousseff. Cunha precisa de 11 votos para se livrar de um processo de cassação. Nos cálculos de seus aliados, há um grupo de cerca de 11 deputados, informalmente chamado de centrão, que tende a votar para salvar o presidente da Câmara. São os deputados do PMDB, Solidariedade, PSC, PR, PP, PTB e PSD. Os representantes destes dois últimos, no entanto, são considerados mais suscetíveis a pressões. O PMDB está na linha de frente da operação de blindagem e começou a articular a defesa de Cunha com a nomeação, ontem, de dois suplentes para o colegiado, os deputados Carlos Marun (PMDB-MS) e Manoel Júnior (PMDB-PB), ambos aliados do presidente da Câmara. Tudo para garantir uma blindagem no caso de uma votação apertada. Cunha, no entanto, negou ontem estar preocupado com a correlação de forças. "Não tenho maioria nem minoria. Eu tenho a verdade e a verdade prevalecerá ao fim", disse Cunha. No PP e no PR, os deputados que representam o partido já foram avisados de que Cunha quer “conversar” sobre o tema. A tendência é que não tragam dificuldades ao peemedebista no colegiado. Apesar de integrarem a base aliada, esses partidos ajudaram a eleger Cunha para a presidência da Câmara e defendem que ele trouxe independência à Casa, fortalecendo o poder dos parlamentares junto ao Planalto. "Qualquer um que tem inimigos pode ser alvo de um processo no Conselho de Ética. Não dá para fazer nada de forma açodada", afirma um deputado da base que integra o conselho. A atuação do PT, que tem três votos no colegiado, ainda não está definida. Há um pedido do governo para que o partido não confronte diretamente o presidente da Câmara para evitar que ele reaja dando prosseguimento ao impeachment. Mas, muitos petistas se rebelaram contra a orientação governista: "Minha decisão vai ser de membro do Conselho de Ética, que não é uma instância de decisão partidária". "Não recebi nenhuma orientação de quem quer que seja e espero exercer meu mandato no conselho com independência e na plenitude, sem interferências de ninguém. Acho que a situação do Eduardo Cunha é insustentável politicamente e, com essa decisão do Supremo, teremos ao menos um mês sem que esse debate do impeachment prospere", afirma o deputado Zé Geraldo (PT-PA), integrante do conselho. Prova da rebeldia no PT foi que, apesar da orientação do Planalto, 34 deputados do partido assinaram o pedido de afastamento de Cunha protocolado no Conselho de Ética pela Rede e PSOL. Entre os parlamentares, estão ex-ministros e petistas ligados a atuais ministros, o que demonstra que não é tarefa fácil para o governo controlar o seu partido. O ex-ministro dos Direitos Humanos e da secretaria de Relações Institucionais Pepe Vargas (PT-RS), exonerado há menos de dez dias, está entre os signatários do pedido de cassação de Cunha. Zeca Dirceu (PT-PR), filho do ex-ministro José Dirceu e integrante da principal corrente petista, a CNB, também não acatou o pedido do do Planalto. Dos seis deputados da bancada gaúcha, cinco assinaram o requerimento. Apenas Marco Maia, que foi presidente da Câmara antes de Cunha, não aparece no documento. Dois deles, Marcon e Elvino Bohn Gass são ligados ao ministro do Trabalho e Previdência, Miguel Rossetto, ou seja, eles são membros da organização revolucionária clandestina DS - Democracia Socialista, grupelho trotskista que parasita o corpo do PT.

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