Depois de dois anos de seca, as hidrelétricas do Brasil devem continuar com déficit de geração de energia em 2016, devido à necessidade de recuperar reservatórios para garantir a segurança do suprimento, afirmou nesta sexta-feira um especialista da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). A projeção, no entanto, é de que o déficit seja menor, entre 1,6% e 3,1%, segundo a CCEE, ante um déficit esperado de 15,4% neste ano e de 9,3% registrado em 2014. “Esse déficit é bem pequeno, e está um pouco influenciado pelo despacho térmico, que pode avançar nos primeiros meses de 2016 para que se possa recuperar os reservatórios”, disse o gerente de Preço da CCEE, Rodrigo Sacchi. Configura-se um déficit quando as hidrelétricas geram abaixo da garantia física – que representa o montante de energia que as usinas podem vender no mercado de eletricidade. A produção das hidrelétricas, no entanto, pode ser ainda menor caso o Brasil não receba chuvas favoráveis no período úmido, que vai de novembro a abril. A CCEE projeta que, nesse caso, seria necessário manter as térmicas ligadas por todo o ano de 2016, o que faria o déficit hídrico alcançar 11,4%. “Esse é um cenário menos provável de ocorrer, mas temos que avaliar essas premissas também”, apontou Sacchi. A CCEE espera um período chuvoso mais próximo da média em 2015-2016, depois de duas temporadas em que as chuvas nos reservatórios das hidrelétricas ficaram abaixo do esperado e o País chegou a ficar próximo de um racionamento de energia. Na quinta-feira, os reservatórios das hidrelétricas do Sudeste/Centro-Oeste, que concentram a maior parte da capacidade do País, estavam com 31% de armazenamento, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). O déficit de geração das hidrelétricas tem motivado uma guerra judicial no setor elétrico neste ano, com diversas geradoras tendo obtido liminares para evitar novos prejuízos com a seca. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) negocia um acordo para compensar parcialmente as empresas em troca da retirada das ações judiciais, mas nos últimos dias cresceu o pessimismo quanto a um final breve para o imbróglio. O acordo em negociação também altera as regras e transfere para o consumidor de energia os riscos de eventuais perdas com déficits de geração das hidrelétricas que sejam registrados a partir de 2016. Em compensação, o consumidor também perceberá efeitos positivos quando as usinas produzirem mais que o previsto.
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