sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Como fica o ministério ainda gigante de Dilma

Depois de dez meses de resistência, a presidente Dilma Rousseff cedeu e reformulou seu governo para tentar frear o processo de impeachment que germina na Câmara dos Deputados. A partir de segunda-feira, a máquina pública passa a ser regida pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo PMDB, fiel da balança no arranjo político que pode manter a presidência em sua cadeira, ou desalojá-la. Nesta sexta-feira, Dilma cortou oito das 39 pastas antes existentes, menos do que o esperado, e o que não lhe tira a distinção negativa de estar cercada por um dos maiores ministérios do planeta – Barack Obama administra a maior economia do mundo auxiliado por 22 secretários. O efeito positivo da desidratação ministerial deve ser o fim de 3.000 cargos comissionados em Brasília. O restante das medidas tem mais caráter populista do que reflexo significativo no Orçamento: os salários dos ministros e da própria Dilma – 30.934,70 reais – serão reduzidos em 10% e os vôos em primeira classe estão suspensos. No xadrez político, a operação anti-impeachment entregou sete pastas, com orçamentos robustos em ano pré-eleitoral, ao PMDB. É o maior quinhão já concedido ao partido desde que Lula assumiu o poder em 2003. O PMDB não só ganhou terreno, mas indicou dois deputados pouco conhecidos para comandar a Saúde e Ciência e Tecnologia, pastas dotadas de programas de alta capilaridade nas bases eleitorais e emendas parlamentares prontas para serem liberadas a granel. No próximo ano, uma parte significativa da bancada peemedebista deve ir às urnas tentar um mandato de prefeito ou se empenhará para eleger aliados nos rincões do País. O afago à bancada de deputados é uma tentativa sem máscara de manter ao menos dois terços dos sessenta parlamentares tutelados ante o desejo do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de fazer o impeachment correr e tirar Dilma do cargo até o final do ano. No caso do PT, engana-se quem pensa que o partido perdeu força. Além de despachar o desafeto Aloizio Mercadante do Palácio do Planalto – foi realocado na Educação -, Lula instalou um dos seus melhores amigos na chefia da Casa Civil, Jaques Wagner, e um nome fisiológico na nova Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini. Este último já foi presidente do PT, tem raiz no sindicalismo e interlocução com os movimentos sociais, atributos considerados cruciais por Lula num ano marcado por protestos nas ruas contra Dilma e a dilapidação da imagem do PT. Ou seja, a regência do governo ficará nas mãos de Lula. Após 275 dias de resistência, Dilma fez o que não queria e montou um governo provisório para enfrentar os piores dias de crise política e econômica que ainda vão chegar.
Confira as mudanças no primeiro escalão presidencial
Jaques Wagner (PT) – deixa Defesa e assume Casa Civil
Aldo Rebelo (PCdoB) – assume Defesa e deixa Ciência e Tecnologia
Miguel Rossetto (PT) – deixa Secretaria-Geral e assume Trabalho e Previdência (unificados)
Aloizio Mercadante (PT) – deixa Casa Civil e volta à Educação
Nilma Lino – assume Cidadania (fusão das Secretarias da Igualdade Racial, Direitos Humanos e Mulheres)
Ricardo Berzoini (PT) – assume Governo (fusão das Secretarias Geral da Presidência e Relações Institucionais)
Helder Barbalho (PMDB) – deixa Pesca e assume Portos
Ministros novos e demitidos
Marcelo Castro (PMDB) – assume Saúde
Celso Pansera (PMDB) – assume Ciência e Tecnologia
André Figueiredo (PDT) – assume Comunicações
Renato Janine Ribeiro – demitido da Educação
Arthur Chioro (PT) – demitido da Saúde
Edinho Araújo (PMDB) – demitido de Portos
Pepe Vargas (PT) – demitido de Direitos Humanos
Guilherme Afif Domingos (PSD) – deixa Micro e Pequena Empresa (anexada a Desenvolvimento e Indústria)
Eleonora Menicucci (PT) – demitida de Políticas para as Mulheres
Carlos Gabas – deixa a Previdência Social (anexado ao Trabalho)
Manoel Dias (PDT) – demitido do Trabalho
Mangabeira Unger (PMDB) – deixa a Secretaria de Assuntos Estratégicos (extinta)
Ministérios inalterados
Gilberto Kassab (PSD) – Cidades
Joaquim Levy – Fazenda
Nelson Barbosa (PT) – Planejamento
Edinho Silva (PT) – Comunicação Social
Mauro Vieira – Itamaraty
Patrus Ananias (PT) – Desenvolvimento Agrário
Kátia Abreu (PMDB) – Agricultura
Eduardo Braga (PMDB) – Minas e Energia
Juca Ferreira (PT) – Cultura
José Eduardo Cardozo (PT) - Justiça
Tereza Campello (PT) – Desenvolvimento Social
Henrique Eduardo Alves (PMDB) – Turismo
Armando Monteiro (PTB) – Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
George Hilton (PRB) – Esportes
Gilberto Occhi (PP) – Integração Nacional
Antônio Carlos Rodrigues (PR) – Transportes
Izabella Teixeira – Meio Ambiente
Luís Inácio Adams (PT) – Advocacia Geral da União
Alexandre Tombini – Banco Central
Valdir Simão (PT) – Controladoria Geral da União
General José Elito - Segurança Institucional (secretaria perde status de ministério)
Eliseu Padilha (PMDB) – Aviação Civil
Por Reinaldo Azevedo

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