quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Banco Central tem prejuízo recorde com "swaps"

O Banco Central teve em setembro um prejuízo de R$ 38,6 bilhões com operações de swap cambial, uma espécie de venda de dólares no mercado futuro, usada para diminuir as pressões sobre o câmbio. É a maior perda já registrada em um mês pelo banco com essa ferramenta, usada pela primeira vez em 2002. O maior prejuízo anterior havia sido em março: R$ 34,5 bilhões. De forma geral, o banco perde com essas operações quando o dólar sobe e lucra quando ele cai. No ano, o rombo do Banco Central com essas operações ultrapassa a marca de R$ 100 bilhões até o dia 2 de outubro: está em R$ 108,3 bilhões. Esse resultado negativo não chega nem a se aproximar dos prejuízos já contabilizados pela instituição em anos anteriores. Em 2014, essas operações geraram para o Banco Central um saldo no vermelho de R$ 17,3 bilhões. Um ano antes, o prejuízo foi de R$ 1,3 bilhão e, em 2012, houve lucro de R$ 1,1 bilhão. 


O principal responsável por esse desempenho ruim é o câmbio, já que a operação consiste na negociação do diferencial entre o dólar e os juros em um determinado período. Em setembro, mês que o Brasil teve sua nota rebaixada pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s, a moeda americana subiu 9,39%. No ano, a alta já encosta em 46%. No mês passado, para tentar conter essa disparada, o Banco Central decidiu oferecer ao mercado recursos novos. A instituição avalia que essa é a melhor forma de se evitar quebradeira de empresas em momentos de vaivém das cotações. Do equivalente a US$ 5 bilhões que ofereceu ao mercado em cinco intervenções no mercado, foram efetivamente fechados negócios no total de US$ 4,1 bilhões. Além disso, o Banco Central vem prorrogando todos os meses, de forma integral, as datas de vencimentos desses contratos que tinham sido comercializados no passado e que expirariam agora. O mesmo dólar que gera prejuízo ao Banco Central com os swaps acaba trazendo lucro para a instituição na sua administração das reservas internacionais, que são uma espécie de colchão de liquidez usado em momentos de crise aguda. Apenas em setembro, o ganho da instituição com as reservas foi de R$ 124,7 bilhões, a maior do ano. No ano, o lucro com esse colchão está em R$ 492,9 bilhões. O Banco Central sempre destaca que, tanto em relação às operações de swap cambial quanto à administração das reservas internacionais, a autarquia não visa ao lucro. Até agora, a instituição preferiu utilizar como primeira ferramenta para conter a volatilidade do dólar os leilões de swaps, e não atuar diretamente no mercado à vista, como defende parte do mercado financeiro, usando um pedaço das reservas, que somam cerca de US$ 370 bilhões. Além dos swaps, o Banco Central também tem utilizado leilões de linha, que são venda de dólar à vista com o compromisso de recompra no futuro. Dos US$ 14,5 bilhões que a instituição ofereceu no mês passado nesse tipo de operação, foram fechados negócios no valor de US$ 7,3 bilhões.

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