terça-feira, 15 de setembro de 2015

Vagner Freitas, da CUT, meu projeto de guerrilheiro pançudo, me decepciona muito!

Ah, Vagner de Freitas, presidente da CUT, me é uma grande decepção! Estou chateado com ele. Eu estava curioso para ver como alguém com o seu “physique du rôle”, mais para Mussolini do que para Che Guevara, se comporta como guerrilheiro. Afinal, foi ele quem disse, em solenidade no Palácio do Planalto, que, se preciso, vai se entrincheirar, armado, para defender Dilma e Lula caso tenham de prestar contas à Justiça ou ao Congresso. Eu esperava vê-lo, nesta segunda-feira, com aquela sua pança típica de um burguês bem-sucedido, de pistola na cinta e faca nos dentes, a defender o pacote baixado pela “presidenta”, como eles chamam Dilma. Em vez, disso, o homem desceu o sarrafo nas medidas propostas pelo Planalto. Aí não vale. Pô! Que jeito estranho de apoiar, né? Ou melhor: que jeito mais covarde de defender um governo! Onde já se viu? Então Freitas quer que Dilma fique no poder, acha que qualquer um que a ameace, ainda que segundo os rigores da lei, com o impeachment está propondo golpe, mas não aceita as medidas que sua protegida considera essenciais para o País? Ou por outra: o sindicalista pançudo só topa se identificar com o governo quando as ações são positivas. Freitas liderou uma manifestação de algumas poucas dezenas de gatos pingados na manha desta terça-feira, na Avenida Paulista. Eu sempre me encanto quando sedizentes trabalhadores promovem manifestações de protestos em dia útil, durante o expediente. Trabalham em quê, mesmo? Mas sigamos. Vagner, o pançudo que não parece disposto a pegar em armas pelo ajuste fiscal, reclamou da falta de diálogo. E deixou claro que a CUT é contra o pacote do governo, mas ele voltou a reiterar que considera “golpe” o impeachment de Dilma. O homem, em suma, vê como golpistas a Lei 1.079 e a Constituição da República Federativa do Brasil. Que talento! Que pensador! Que formulador de políticas públicas! Seria mesmo um desperdício tê-lo entrincheirado em alguma casamata, liderando uma guerrilha pela recondução de Dilma ao poder. Não que isso fosse possível, acho. Sabem como é… Casamatas são lugares estreitos, onde os guerrilheiros se locomovem com grande dificuldade. Freitas iria entalar, com a sua garruchinha enferrujada… A CUT comanda ainda boa parte dos sindicatos de servidores. Vêm greves em penca por aí. Outras centrais sindicais também protestaram contra o pacote. Nem poderia ser diferente, claro! Se cutuco a pança de Vagner Freitas é porque só ele se ofereceu para pegar em armas. Depois daquela fala, ele recorreu ao Twitter para dizer que era tudo metáfora. Logo vi. Metáforas não entalam em casamatas. A manifestação tinha como lema a defesa “da democracia, do emprego e do salário”. É mesmo? Posso entender por que emprego e salário estão sob risco. Mas quem ameaça a democracia? Só se for Freitas, que, em pleno Palácio do Planalto, sob o silêncio cúmplice de Dilma Rousseff, prometeu se armar e se entrincheirar. A concentração marca o início de uma tal campanha salarial unificada (!?) de categorias com data-base de reajuste no segundo semestre: metalúrgicos, bancários, químicos, petroleiros da FUP, enfermeiros, aeronautas, aeroviários, comerciários, serviços, médicos e psicólogos… Uau! Psicólogos também! Imagino o estrago para a sociedade se psicólogos se unirem aos petroleiros. A mistura pode resultar na combustão do superego, que é aquela noção de limite que nos deve ser transmitida, sobretudo, pela figura paterna, né? Digam-me: exceção feita a psicólogos que trabalham em empresas ou no serviço público, de quem um profissional dessa área deve cobrar reajuste, com o punho cerrado e uma bandeira vermelha na mão? Do paciente? “Ou você repõe a inflação com ganho de produtividade de 3%. Afinal, só neste mês, descobri três atos falhos seus, e você teve dois insights!!! Ou é isso, ou eu o deixo sozinho com suas neuroses! Vá reclamar com outro da superproteção da sua mãe e da desatenção do seu pai! Quer saber mais? Eles estavam certos!” Psicólogo, quando se entrincheira com petroleiro, é fogo! Por Reinaldo Azevedo

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