quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Rebaixamento da nota de risco do Brasil não é culpa do Congresso, dizem Eduardo Cunha e Renan Calheiros

Ao comentar o rebaixamento do grau de investimento do Brasil, os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), unificaram o discurso de que o Congresso não é culpado pela perda do selo de bom pagador. Nesta quarta-feira, em decisão que deve agravar a crise econômica no país, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s reduziu a nota brasileira de BBB- para BB+, o que tira o Brasil da lista dos países considerados “investment grade” (ou “grau de investimento”) e o coloca entre os “especulativos”. Em posicionamento duro, Cunha jogou a culpa do rebaixamento sobre o colo do Planalto. “A verdade é que o governo não está conseguindo fazer a parte dele. A arrecadação caiu violentamente, o governo não sinaliza que as despesas não vão ser aumentadas e não tem a confiança do mercado, dos investidores e dos consumidores para manter a atividade econômica. Se não restabelecer isso, não vai recuperar”, afirmou. Um dos principais desafetos do governo, Cunha reconheceu as divergências políticas, mas reforçou que todas as propostas econômicas apresentadas pelo governo, como as medidas provisórias do ajuste fiscal e a reoneração da folha de pagamento, foram aprovadas pela Câmara. “O Congresso não negou nada que o governo pediu, inclusive de aumento tributário. Então, não adianta dizer que tem crise de relacionamento com o Congresso que não é essa a causa da redução do rating. Quem mandou o orçamento deficitário foi o governo. Efetivamente, nós temos problemas sim, mas é preciso que o governo faça primeiro a sua parte”, afirmou o peemedebista. Na mesma linha, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que busca se cacifar como um dos solucionadores da crise, buscou ressaltar a agenda anticrise, apresentada pelo Senado, com propostas para reerguer a economia. “O Legislativo colaborou, aprovou o ajuste fiscal e apresentou a chamada Agenda Brasil, que é a única maneira de reverter a expectativa com relação ao grau de investimento. Avançar na regulação, nas reformas estruturais e preservar o interesse do país: isso tem de unir a todos nesse momento”, afirmou o peemedebista. Na quarta-feira, Cunha e Renan já haviam ensaiado um discurso similar ao comentarem o aumento de impostos. Seguindo posicionamento com a cúpula do PMDB, os dois rechaçaram, ao menos por ora, qualquer nova taxação e defenderam que o governo enxugue a máquina para poupar gastos.

Nenhum comentário: