sábado, 12 de setembro de 2015

Para a Polícia Federal, ex-sócio de Fernando Pimentel pagava as contas pessoais do petista


A Polícia Federal encontrou indícios de que Otílio Prado pagava despesas pessoais do governador de Minas Gerais, o petista Fernando Pimentel, e da primeira-dama Carolina Oliveira, mesmo depois deste assumir o governo de Minas Gerais. Prado é ex-sócio de Fernando Pimentel e, até o fim do último ano, era o dono da OPR Consultoria, empresa que recebeu pagamentos suspeitos de entidades patronais mineiras, entre 2013 e 2015. Atualmente, a OPR está registrada em nome do filho de Prado. Documentos mostram que durante operação de busca e apreensão na casa de Prado, em junho deste ano, agentes localizaram recibos de pagamentos referentes a três imóveis de Brasília (DF), realizados em nome de Carolina Oliveira. Identificou, também, três recibos de pagamento de reforma em apartamento de um prédio de luxo na Rua do Ouro, em Belo Horizonte, onde Fernando Pimentel morava antes de se mudar para a residência oficial do governador. Encontrou também um documento de 17 folhas que descrevem a reforma do apartamento, com a referência “Att: Carolina/Otílio Prado”. "Ele tava morando aqui em baixo, no primeiro andar, e reformando o do quarto (andar). Todo mundo via o pessoal dele cuidando do apartamento", disse Maria Madalena Veloso Araújo, moradora do quinto andar do mesmo edifício. O advogado do petista Fernando Pimentel, Antônio Carlos de Almeida Castro, admitiu, em nota, que Pimentel morava no primeiro andar, mas negou que ele fosse o dono do apartamento que está em reforma, no quarto. Na Operação Acrônimo, a Polícia Federal receptou trocas de mensagens de celular entre Otilio Prado e Benedito de Oliveira, mais conhecido como Bené, também investigado na operação. Os dois discutem a realização de pagamentos e se referem a Fernando Pimentel como "chefe". "Chefe tá meio triste, brigou com a Carol", escreveu Bené a Prado, em mensagem de novembro de 2013, referência que a Polícia Federal acredita se tratar de Pimentel e a atual esposa. "Ele me disse, vou arrumar uma gatinha pra ele", respondeu Prado. "Tanto Benedito quanto Otílio referem-se a Fernando Pimentel como chefe. Além desse inegável vínculo, as diversas alterações de contrato social (das empresas ligadas as Otílio e Pimentel) demonstram que tal prática ocorria sempre que a atuação política ou profissional dos envolvidos impusesse tal necessidade", escreveu o delegado federal Guilherme Torres, no despacho com pedido de busca e apreensão em endereços vinculados a Otílio Prado. O advogado de Bené na primeira fase da Operação Acrônimo, Celso Lemos, negou que o "chefe" da mensagem fosse Pimentel. "Sabe quando você chega no bar e grita "chefe, traz uma cerveja?"; é a mesma coisa - argumentou. Oliveira foi preso, no fim de maio, suspeito de ser operador de uma organização criminosa que a Polícia Federal sustenta ser responsável pelo desvio de recursos públicos, por meio de contratos não executados ou superfaturados com entes federais. Os contratos, segundo a Polícia Federal, eram feitos principalmente nas áreas de eventos e serviços gráficos e o dinheiro era lavado por ele. Oliveira foi solto depois de pagar fiança de R$ 78 mil. Documentos apreendidos e informações colhidas na primeira fase da operação levaram a PF a detonar a segunda fase, no fim de junho, com foco em Otílio Prado, que era sócio de Pimentel em sua empresa de consultoria e, até o fim do ano, estava à frente da OPR, empresa de consultoria que recebeu pagamentos suspeitos de sindicatos mineiros. O processo corre no Superior Tribunal de Justiça, por causa do foro privilegiado de Fernando Pimentel. 

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