sábado, 19 de setembro de 2015

Lula se encontra com Cunha para tentar retardar embate do impeachment

Não, senhores! Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente-em-chefe, não se contentou em se reunir com ministros petistas menos Mercadante, com o próprio Mercadante e com Dilma. Também não basta anunciar que vai sair país afora defendendo as medidas do governo. Ele foi mais fundo. Como consequência do golpe de Estado que acabou de dar, assumindo a cadeira de Dilma, levou mais longe a interlocução. Encontrou-se pessoalmente com Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara e adversário declarado do governo. Huuummm… Sejamos precisos: o poderoso chefão petista sempre foi favorável a um entendimento com o parlamentar. Dilma é que resistia. Lula, por exemplo, era contra o PT lançar um candidato à Presidência da Câmara. Defendia um acordo com o agora principal desafeto do Planalto, mas sabem como é… A governanta decidiu fazer as coisas a seu modo, com o resultado conhecido. Mas o que quer Lula com Cunha? Duas coisas. Sim, sim, ele pretende que o deputado ajude a obstar as tais medidas que são tidas como pauta-bomba. Mas isso, agora, é o de menos. O antecessor de Dilma quer que Cunha retarde ao máximo a tramitação da denúncia contra a presidente, formulada por Hélio Bicudo, Miguel Reale Jr. e Janaína Paschoal. E como é que se faz isso? Há apenas uma maneira: que o documento fique dormindo na gaveta de Cunha, sem ser pautado. A coisa só começa a correr se o deputado disser “sim” ou “não”. Se disser “sim”, o que talvez não faça para não caracterizar algo de pessoal, a comissão especial terá de ser instalada; se disser “não”, um deputado de oposição vai recorrer, e basta maioria simples para que se forme a dita-cuja. Sim, leitores! É evidente que é o fim da picada um ex-presidente se encontrar com um presidente da Câmara para tratar de um assunto que, inequivocamente, diz respeito ao governo, especialmente quando a figura em questão foi transformada numa espécie de inimigo público número um da petezada. Aliás, ele se oferece para fazer uma interlocução que o próprio partido não está fazendo. Nas concentrações públicas marcadas pela legenda, Cunha é sempre um dos alvos principais. Acho pouco provável — vamos ver — que o presidente da Câmara ceda aos apelos de Lula para ficar enrolando. Parte considerável do eleitorado de Cunha o quer distante do governo, fazendo o que estiver de acordo com as leis e com o regimento para a mandatária deixe a cadeira da Presidência. Cunha sabe que parte da força considerável que ainda tem existe apesar do PT. Por Reinaldo Azevedo

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