quarta-feira, 30 de setembro de 2015

A petista Graça Foster recomendou: “Pense bem antes de se definir em que quadrilha você pertence”


Uma sucessão de e-mails da cúpula da Odebrecht revela uma aparente preocupação dos executivos do alto escalão do grupo com o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, preso na Operação Lava Jato. As mensagens trocadas em 24 de julho de 2014 – quatro meses após a prisão de Paulo Roberto Costa – fazem menção direta à então presidente da estatal, a petista Maria das Graças Foster: “Pense bem antes de ir e se definir em que quadrilha você pertence”, teria dito Maria das Graças Foster ao gerente executivo do Abastecimento, Wilson Guilherme, apontado com testemunha de defesa de Paulo Roberto Costa.
A frase foi atribuída a Maria das Graças Foster por Rogério Araújo, então diretor da Odebrecht, em e-mail enviado às 18h04 para o presidente da companhia, Marcelo Bahia Odebrecht, e para outro diretor, Márcio Faria. Eles citam também dirigentes da Petrobrás que seriam presos na Lava Jato meses depois, entre eles o ex-diretor de Serviços, o petista Renato Duque, apontado como elo do PT no esquema de propinas da estatal. Para os investigadores, o conteúdo dos e-mails demonstra que a cúpula sabia do esquema instalado na companhia e também o repasse do suposto papel de Duque como arrecadador do PT: “Duque (dinheiro para Partido)". Marcelo Odebrecht, Rogério Araújo e Márcio Faria estão presos desde 19 de junho de 2015, quando estourou a Operação Erga Omnes, desdobramento da Lava Jato, que alcançou as duas maiores empreiteiras do País, Odebrehct e Andrade Gutierrez. A sequência de e-mails foi capturada pela Polícia Federal nos computadores da Odebrecht, em São Paulo. São 8 correspondências. Em julho de 2014, quando os e-mails foram trocados, a Petrobrás fervia ante o escândalo. Paulo Roberto Costa era um dos nomes mais influentes da companhia. Sua prisão abalou a estatal. No mês seguinte, o ex-diretor fez delação premiada e escancarou o esquema de corrupção e propinas envolvendo cerca de 50 políticos, entre deputados e senadores, e outros dirigentes da Petrobrás. Nas mensagens, os executivos da Odebrecht tratam Paulo Roberto Costa pelas iniciais de "PR" e Maria das Graças Foster por "MGF'’, segundo análise dos investigadores. “Como sabemos, foram indicadas algumas pessoas da Cia como testemunhas para processo PR. Uma delas, Wilson Guilherme (GEX Abast) foi abordado por MGF na seguinte linha: “pense bem antes de ir e se definir em que quadrilha você pertence!!”, diz Rogério Araújo a Marcelo Odebrecht e Marcio Faria. O presidente da Odebrecht diz em seguida: “Não sei se entendi bem a mensagem dela". Rogério Araújo explica: “Se for da quadrilha do PR, depor favorável a ele". Marcelo Odebrecht responde. “Ou seja, ela quer detonar o PR? Não apenas não ajudar como atacar? Acha que não tem refluxo?” A comunicação cita outro dirigente da Petrobrás, preso na Lava Jato, Nestor Cerveró (Internacional), e também o ex-presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, que não é acusado. Às 18h21 daquele dia, Rogério Araújo diz. “Também detonar Duque (será testemunha), Cerveró e Gabrielli. Não sei se tem alinhamento com PR…” Marcelo Odebrecht argumenta: “Seria bom se tivéssemos certeza desta postura dela, pois seria mais um ponto de minha conversa amanhã. Isto é suicídio, só vai prejudicar governo e empresa". Às 18h35, Rogério Araújo concorda com Marcelo Odebrecht. “Com relação ao WG certeza absoluta! Com relação ao Duque ela fez o seguinte comentário numa apresentação GT a DE, sobre ação do Imbassay junto a Proc Geral União acerca RNEST arrolando ex-diretoria e atual para escutar a apresentação solicitou ao Jurídico (Nilton Maia) para preparar trabalho defesa da atual diretoria e disse que não poderia fazer mesmo com PR (se beneficiou) e Duque (dinheiro para Partido)!. Quanto ao Cerveró e Gabrielli, tem feito comentários ruins face Pasadena". Na última mensagem Rogério Araújo cita mais um diretor da Petrobrás, preso na Lava Jato, Jorge Zelada (Internacional): “Outro que ela detona é Zelada".

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