quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Vice-almirante preso na Operação Lava Jato é indiciado pela Polícia Federal


O vice-almirante reformado Othon Luiz Pinheiro da Silva, um dos idealizadores do complexo industrial-militar montado para dotar o País de energia nuclear, foi indiciado hoje pela Polícia Federal, por corrupção. Ele está preso desde 28 de julho, em Curitiba. A prisão foi decretada por suspeita de que, ao mesmo tempo em que trabalhava em estatais, ele tenha lavado dinheiro de empreiteiras por meio de uma consultoria privada própria. As construtoras são as mesmas investigadas pela Operação Lava-Jato, que apura corrupção da petrolífera. O uso de empresas de fachada para receber valores por consultorias — mesmo sendo dirigente de uma estatal — é o ponto principal do indiciamento, que acontece também por lavagem de dinheiro. Ao ordenar a prisão de Othon, o juiz Sergio Moro (da 13ª Vara Federal de Curitiba) elencou uma série de irregularidades apontadas pela Polícia Federal e que indicam sinais de corrupção. Ele salienta "possível conflito de interesses" pelo fato de o vice-almirante da reserva ser, ao mesmo tempo, presidente da Eletronuclear e receber pagamentos privados como proprietário da empresa Aratec Engenharia, Consultoria & Representações Ltda. Essa empresa, entre 2005 e 2013, não tinha sequer empregado registrado. Um funcionário foi contratado em 2013, o que os investigadores apontam como indício de a firma ser apenas fachada. A Aratec recebeu pagamento das empreiteiras Andrade Gutierrez e Engevix, ambas com contratos com a Eletronuclear. O repasse teria sido feito por meio de "empresas com características de serem de fachada", segundo o juiz. Uma delas, a CG Consultoria recebeu, entre 2009 e 2012, R$ 2,9 milhões da Andrade Gutierrez e transferiu, entre 2009 a 2014, R$ 2,6 milhões para a Aratec. A CG não tem empregados e, na prática, descontados os custos tributários, repassou o recebido da Andrade Gutierrez à Aratec. Já a JNobre Engenharia (que tem o mesmo endereço da CG) depositou R$ 792 mil nos anos de 2012 a 2013 na conta da Aratec. No mesmo período, recebeu R$ 1,4 milhão da Andrade Gutierrez. "Está identificado um padrão de recebimento e repasse de valores da Andrade Gutierrez para a Aratec, utilizando empresas intermediárias", interpreta o juiz. Além da Andrade Gutierrez, as empreiteiras UTC, Camargo Corrêa e Techint realizaram pagamentos que somaram R$ 371,4 mil, entre 2010 e 2013, diretamente nas contas da Aratec. Isso quando Othon já era presidente da Eletronuclear. O indiciamento de Othon aconteceu porque ele é suspeito preso e o inquérito, nesses casos, têm de ser fechado em até 30 dias.

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