quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Quanto mais passa o tempo, mais difícil fica ao TCU fazer o que quer o governo

Pois é… O TCU (Tribunal de Contas da União) concedeu mais 15 dias para o governo se explicar. O adiamento nasce de uma manobra que era parte daquele acordão da semana retrasada. O senador governista Otto Alencar (PSD-BA) cobrou explicações adicionais sobre as contas do governo — fingindo-se de excessivamente rigoroso —, e o tribunal concedeu o novo prazo. Como diz um amigo, 15 dias constituem tempo suficiente para boi voar em Brasília. O Planalto espera fazer as suas feitiçarias nessas duas semanas. Renan Calheiros (PMDB-AL) havia se comprometido a tentar virar três votos. Que se saiba, não foi bem-sucedido até agora. Ao contrário: a se confirmar o que vai pelos corredores, um voto antes em favor do governo mudou de lado. O PT é rudimentarmente esquerdista. Com um pouquinho de formação, saberia que determinados processos, se duram muito no tempo, acabam mudando de estado e se pode obter até o contrário do que se pretende. O que quero dizer com isso? Quanto mais o TCU demora a votar o relatório de Augusto Nardes, que vai recomendar ao Congresso a rejeição das contas de Dilma, pior para o governo. Por quê? Porque um resultado eventualmente positivo cairá em tal descrédito que a emenda será pior do que o soneto. A esta altura, resta ao tribunal, ou à maioria dele, aquiescer com o pedido de rejeição, ou passará para a história como uma reunião de farsantes, suscetível a pressões, que faz, no fim das contas, o que quer o Executivo, embora sua missão seja auxiliar o Legislativo. Se o governo não estivesse fazendo marcação homem a homem, vá lá… Mais tempo serviria ao propósito de melhorar a defesa. Mas todos sabemos que não é isso o que está em curso. O que se procura é retardar o máximo possível a votação para ver se há tempo de mudar algumas opiniões, sabe-se lá com quais instrumentos. Na lista de nomes sob influência de Renan estão Bruno Dantas, Vital do Rêgo e Raimundo Carreiro. Vamos ver. Os três eram tidos, inicialmente, como potenciais votos em favor da recomendação para que se rejeitem as contas. Depois que o acordão foi denunciado, a vida do trio não ficou fácil. Os apelos e o assédio para que não cedam às pressões do governo partem de todo canto — até da esfera familiar. Por Reinaldo Azevedo

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