quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Governo gaúcho propõe aumento de imposto para arrecadar mais R$ 1,9 bilhão

O governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori (PMDB), anunciou nesta quinta-feira (20) o aumento da alíquota geral do ICMS (imposto sobre circulação de mercadorias e serviços) de 17% para 18%. A elevação de impostos tem sido criticada por líderes empresariais, que já consideram a taxa atual muito alta. A base aliada de Sartori na Assembléia Legislativa também resiste ao projeto, mas o governador tem feito reuniões com as bancadas para convencê-las a aprovar o aumento. "Gostaria que a Assembléia entendesse a necessidade e votasse por unanimidade. Resistência tem até lá em casa", disse Sartori. O aumento de ICMS deve se repetir em outros Estados do País em crise financeira. Atualmente, a taxa é de 18% em São Paulo e de 19% no Rio de Janeiro. Junto com o aumento da taxa padrão do ICMS, o governo Sartori propõe elevar a alíquota de diversos produtos considerados "supérfluos", como gasolina e álcool hidratado (que ele pretende elevar de 25% para 30%), telefonia fixa e móvel (de 25% para 30%), cerveja e chope (de 25% para 27%), refrigerante (de 18% para 20%) e energia elétrica (de 25% para 30% para o consumo doméstico, acima de 50 kW). Segundo os cálculos da Secretaria da Fazenda, o reajuste pode injetar R$ 1,896 bilhão nos cofres gaúchos em 2016. O valor corresponde a cerca de um terço do déficit estimado para o próximo ano, de R$ 6,1 bilhões. Com o eventual aumento da alíquota da cerveja, do cigarro e de cosméticos, o governo destinará cerca de R$ 211,9 milhões em 2016 ao Fundo de Proteção e Amparo Social (Ampara/RS), que seria criado para atender setores de habitação, educação, saúde, segurança e reforço da renda familiar. Sartori também apresentou o Programa Especial de Quitação e Parcelamento (Refaz), para ajudar micro e pequenas empresas a quitarem suas dívidas. Outra medida é concentrar o pagamento do IPVA nos primeiros quatro meses do ano e combater a inadimplência. Os servidores estaduais gaúchos estão em greve geral até esta sexta-feira (21). Eles temem um novo atraso dos salários e contestam a extinção de fundações e mudanças na previdência. Escolas estão fechadas e policias civis atendem apenas casos de emergência. A Brigada Militar não pode fazer greve, mas os policiais adotaram uma operação padrão: só saem com carros legalizados e coletes balísticos em dia. Em julho, o governo anunciou o parcelamento dos salários dos servidores – somente os funcionários que ganham até R$ 2.150,00 receberam em dia. A terceira parcela, no entanto, foi antecipada e paga junto com a segunda para evitar uma intervenção federal no Rio Grande do Sul, já que o governo descumpriu uma ordem do Supremo Tribunal Federal. O governo gaúcho tenta um recurso no STF, que ainda não foi apreciado. Para pagar os salários atrasados, Sartori deixou de honrar em dia a dívida com a União. Por causa disso, as contas do governo foram bloqueadas e os valores em caixa foram sequestrados, uma quantia em torno de 260 milhões de reais. A expectativa do governo é que o bloqueio seja desfeito até esta sexta-feira (21). Não há novidade na iniciativa de José Ivo Sartori. O seu governo, na área econômico-financeira, é praticamente refém dos fiscais do ICMS da Secretaria da Fazenda. São eles que ditam a política na área. E fiscais do ICMS só sabem propor aumento de impostos. 

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