quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Ex-presidente peronista argentina Carlos Menem é julgado por obstruir investigação de atentado terrorista contra instituição judáica

Começou nesta quinta-feira (6) o julgamento contra o ex-presidente peronista argentino Carlos Menem e outras 12 pessoas acusadas de dificultar a investigação de um atentado terrorista a bomba, em 1994, em Buenos Aires. Menem foi apontado pelo promotor Alberto Nisman — assassinado em janeiro deste ano, em um caso ainda sem solução — como mandante de uma manobra para obstruir a investigação e usar o caso contra inimigos políticos, nos anos 1990. Em 2006, ele e outros envolvidos foram formalmente processados. 
 

Em 18 de julho de 1994, um atentado à bomba no edifício da associação judaica Amia matou 85 pessoas e deixou mais de 300 feridos. A investigação identificou o veículo que levou a bomba até o local e a partir daí começou a localizar suspeitos argentinos que teriam colaborado com iranianos pelo ataque. Segundo a acusação, o governo teria boicotado a investigação. Menem, que tem origem síria, teria ordenado ainda um suborno a uma das testemunhas, para que mentisse em seu depoimento. A hipótese é que Menem tentou usar a testemunha para acusar inimigos políticos, de olho nas eleições de 1999. O então juiz do caso, Juan José Galeano, foi filmado pagando suborno à testemunha. Ele, dois promotores, a testemunha, sua mulher e seu advogado, além de ex-funcionários da Casa Rosada, do serviço de inteligência e ex-policiais são réus no caso. Nesta quinta-feira (6), os acusados se apresentaram ao tribunal federal argentino. Menem, de 85 anos, que hoje é senador, não compareceu e enviou um atestado médico, em que informou que teve uma piora em um quadro de hipertensão, além de diabetes, artrite e esclerose. Dado o número de testemunhas e acusados no caso, a perspectiva é que o julgamento dure pelo menos um ano. Por protestos de parentes das vítimas, a Argentina foi denunciada na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), da Organização dos Estados Americanos, pelas irregularidades cometidas na investigação do caso. 

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