sábado, 22 de agosto de 2015

Delator da Lava Jato, Julio Camargo, diz que dedou Eduardo Cunha por medo

"Eu tenho medo do deputado Eduardo Cunha [PMDB-RJ]", afirmou o lobista Júlio Camargo aos investigadores da Operação Lava Jato para tentar justificar a decisão de mudar sua delação premiada para acusar o presidente da Câmara de receber US$ 5 milhões de propina do esquema de corrupção da Petrobras. Segundo o lobista, Cunha é um homem poderoso, que teria condições de retaliar sua família e suas empresas, de forma direta ou indireta. "Estamos tratando da terceira pessoa mais importante do país e de uma pessoa agressiva quando quer alcançar seus objetivos", disse Camargo. O lobista disse ainda que repensou sua fala porque "não queria ter mais qualquer pendência neste tema e queria ir até o fim". Boa parte da denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal, contra Cunha, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, leva em consideração a colaboração de Camargo com as investigações. Segundo procuradores, a mentira do delator pode ter efeito sobre seus benefícios acertados em troca da colaboração com as investigações. O Ministério Público afirma que Cunha recebeu US$ 5 milhões em propina. Os pagamentos ocorreram, segundo a Procuradoria Geral da República, entre 2007 e 2012, após o fechamento de contratos entre a Petrobras e a Samsung Heavy Industries, da Coréia do Sul, para fornecimento de dois navios-sondas para a estatal do petróleo no valor total de US$ 1,2 bilhão. Entre os documentos que constam na denúncia contra Eduardo Cunha também foi anexado um e-mail da Igreja Evangélica Assembléia de Deus do Rio de Janeiro à funcionária de Julio Camargo de doação de R$ 250 mil. A mensagem, de 31 de agosto de 2012, traz o valor e fala ainda que "conforme orientação do Julio, seguem os dados para a doação que ele ficou de fazer hoje". Duas empresas de Julio Camargo, Piemonte e Treviso, fizeram transferências para as contas da igreja no valor total de R$ 250 mil em 31 de agosto de 2012. A Procuradoria Geral da República diz que é "notória" a vinculação de Eduardo Cunha com a igreja.

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