domingo, 9 de agosto de 2015

Corretor afirma que José Dirceu lhe pediu para comprar casa "para não inflacionar"


O corretor de imóveis Julio Cesar Santos, alvo da Operação Pixuleco – 17º capítulo da Lava Jato – revelou à Polícia Federal que, em 2004, José Dirceu lhe pediu que adquirisse a casa onde mora a mãe do ex-ministro-chefe da Casa Civil (Governo Lula), em Passa Quatro (MG). Segundo Santos, o imóvel foi comprado na época por R$ 250 mil e está registrado em nome de sua empresa, a TGS Consultoria. Ele alega que José Dirceu fez o pedido "para não chamar a atenção o fato de estar sendo adquirida por ele, que então era ministro de Estado, o que poderia inflacionar o valor". Para a Polícia Federal, a declaração de Julio Cesar Santos evidencia que ele, por meio da TGS Consultoria, "atuou na ocultação de patrimônio de José Dirceu". A Polícia Federal diz que reforça a suspeita a análise da caixa de correio eletrônico do corretor de imóveis, que foi sócio minoritário da JD Assessoria e Consultoria, controlada pelo ex-ministro e sob suspeita de ter sido usada para captar propinas de empreiteiras no esquema de corrupção na Petrobrás. Julio Cesar dos Santos e José Dirceu foram presos na Pixuleco segunda-feira, 3. O corretor declarou, ainda, que a casa onde reside a mãe de José Dirceu no interior de Minas Gerais foi quitada para ele com a emissão de boletos bancários em nome da TGS. Ele disse que "não foi lavrada escritura nem foi realizado o devido registro imobiliário": “Mesmo sendo corretor de imóveis e tendo conhecimento do funcionamento do mercado fiz isso por relação de confiança com José Dirceu". Outro episódio que na avaliação da Polícia Federal indica a atuação do corretor na ocultação de bens do ex-ministro e lavagem de dinheiro foi a compra de um imóvel, também em nome da TGS, no Condomínio Santa Fé, em Vinhedo (SP), ao lado da residência de José Dirceu, em 2010, no valor de R$ 110 mil. Um ano depois, ele vendeu o imóvel por R$ 200 mil para o próprio ex-ministro, já réu na Ação Penal 470 (Mensalão) no Supremo Tribunal Federal. Segundo ele, o ex-ministro assumiu a dívida do condomínio, que foi parcelada pelo corretor. Julio Cesar dos Santos declarou à Polícia Federal que "tomou conhecimento de que o imóvel foi reformado por Milton Pascowitch". Apontado como lobista e operador de propinas na Diretoria de Serviços da Petrobrás. Pascowitch é o pivô da prisão do ex-ministro. Ele fez delação premiada e relatou os bastidores das relações de José Dirceu com empreiteiros que formaram o cartel de fraudes na Petrobrás. Segundo o corretor, o irmão de José Dirceu, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, comentou que a reforma seria realizada por Pascowitch. “Tratava-se de uma construção inacabada. A operação de compra e venda foi formalizada em um contrato particular, embora não tenha sido escriturada e com o devido registro”, afirmou Julio Cesar. “Além de haver integrado o quadro societário da empresa JD Consultoria, foi possível identificar que Julio Cesar dos Santos mantém intenso relacionamento com a estrutura criminosa ora investigado”, assinala a Policia Federal.

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