quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Com melhor cenário, governo vai desligar térmicas para ter economia de R$ 5,5 bilhões


Diante da melhora do cenário de chuvas para geração de energia hidrelétrica, da expansão do parque de usinas existente e da queda do consumo de eletricidade com o desaquecimento econômico, o governo federal decidiu reduzir a partir de zero hora do próximo sábado (dia 8) a geração de energia elétrica a partir de usinas térmicas mais caras. De acordo com o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, serão desligadas 21 usinas que geram 2 mil Megawatts médios, do total de 12 mil MW médios em operação atualmente. Segundo Braga, essa redução de geração térmica significará economia de R$ 5,5 bilhões até o fim deste ano. Nos próximos dias, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) deverá avaliar o impacto prático dessa medida nas bandeiras tarifárias, que indicam um aumento das contas de luz por conta de uma condição mais restrita de geração de energia elétrica no país. Desde janeiro, os consumidores do País pagam mais nas suas tarifas pela cobrança da bandeira vermelha. "O próximo passo é a Aneel fazer um estudo para que possamos anunciar, então, qual será o posicionamento com relação às bandeiras. Estamos sendo bastante prudentes com relação a essas decisões, porque sabemos a repercussão que elas têm. Não fizemos desligamentos de forma antecipada, porque não queríamos fazê-lo sem que tivéssemos todas as variáveis analisadas", disse Braga. A medida foi tomada em consenso pelas autoridades do setor elétrico nesta quarta-feira, em Brasília, durante reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE). Segundo Hermes Chipp, diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), mesmo com a decisão de reduzir a geração de usinas térmicas que custam mais de R$ 600 por Megawatt-hora (MWh), não há incremento em risco de faltar energia no país este ano, que é zero, segundo ele. "Há uma previsão em 2015 de redução da carga em cerca de 1,8%, o que também é favorável. Associada à expansão da geração, com eólicas, (a hidrelétrica de) Teles Pires e a expansão (das usinas) do rio Madeira até o fim do ano, nos permite, olhando também em função do armazenamento, prever chegar a 30,8% de energia armazenada ao final do período seco deste ano", disse Chipp. Embora as autoridades apontem que o risco de faltar energia seja zero, a nota oficial do CMSE divulgada aponta um risco de haver déficit de energia de 1,2% nas regiões Sudeste e Centro-Oeste neste ano, pelos critérios técnicos adotados desde o ano passado. Segundo Albert de Melo, diretor-geral do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel), ligado à Eletrobras, porém, o risco é, na prática, zero, tanto com quanto sem esses 2 mil MW médios de térmicas. "Daí a racionalidade da decisão", disse Melo. Segundo Braga, a decisão de desligar térmicas tem em vistas o custo-benefício para os brasileiros. Ele destacou que, sem alarde, o governo já vinha reduzindo o consumo de térmicas no país, que chegou a ser de 15 mil MW médios no auge do uso dessas usinas para suprir a escassez de água nos reservatórios das hidrelétricas. Até julho, já entraram em operação no Brasil 3.626 MW médios em operação a partir de novas usinas, de 6.410 previstos para o ano todo.

Nenhum comentário: