terça-feira, 18 de agosto de 2015

Cardozo e o cuidado seletivo com os R$ 27 milhões da LILS, de Lula. Ou: A quem cabe guardar sigilo

Huuummm… É mesmo, é? Então José Eduardo Cardozo determinou que se investigue o vazamento dos dados sobre o faturamento da LILS, a empresa de palestras de Lula e Paulo Okamotto?! Sou favorável. Aliás, sempre que um órgão oficial vaza uma informação sigilosa, acho que é preciso investigar. “Ah, mas foi a VEJA que publicou!!!” E daí? Quem não pode ser investigada por isso é a revista. Vamos botar os pingos nos is. A função da imprensa é publicar aquilo que apura e as informações que obtém, ora essa. Até porque, se elas chegaram a um jornalista, poderiam ou podem chegar a outras pessoas e servir, inclusive, de instrumento de chantagem. Tornadas públicas, fim de papo! Se houve ilegalidade no vazamento, que o responsável seja identificado e punido pelo órgão oficial. Guardar sigilo não é tarefa do jornalista. A sua missão é divulgar o que apura. Os petistas estão furiosos, não é?, com a divulgação da informação. Dá para entender os motivos. O que a gente consegue saber até agora do desempenho econômico de Lula indica ser ele um homem milionário. E essa riqueza, obviamente, lhe foi garantida pela política — ainda que não existisse nada de irregular nos seus ganhos. Nada menos de 36,3% dos R$ 27 milhões — R$ 9,8 milhões — foram amealhados com empreiteiras investigadas na Lava-Jato. Caso se apure a origem do resto, talvez se encontrem outras empresas com interesses no governo federal. Mas e daí? Bem, meus caros, daí que o próprio Lula nunca fez questão de esconder a sua influência nos negócios da nação mesmo depois de ter deixado a Presidência. Mas há mais do que isso: parte da mística de Lula deriva da sua fama de pobre que defende os pobres. Huuummm… A defesa dos pobres com a Lava-Jato em curso se tornou inverossímil. E agora se tem claro, de maneira insofismável, que não é pobre faz tempo. Na verdade, poucos homens se tornaram tão ricos na política como ele — boa sorte que também atingiu Lulinha, o primogênito, não é? Cardozo, aquele a quem não se devem confiar tartarugas assassinas — ou elas escapam —, se mostra surpreendentemente serelepe nessa questão. A rapidez com que mandou investigar o vazamento está longe daquela, ele que me perdoe, conversa mole esgrimida quando dados sigilosos do Cade eram diligentemente vazados para tentar implicar o governo de São Paulo no tal cartel dos trens. Parece que o doutor não via nada de muito grave naquele caso. Mesmo na Lava-Jato, convenham: imaginem se o ministro decidisse abrir um procedimento para cada vazamento de informação sigilosa que chegou à imprensa… Por que a celeridade com Lula? Entendo. É uma das máximas petistas: “Aos amigos, tudo, até a lei; aos inimigos, nada, nem a lei”. Por Reinaldo Azevedo

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