quinta-feira, 2 de julho de 2015

Produção de carne bovina deve subir 0,6% em 2015, estima Agroconsult

A produção de carne bovina do Brasil deverá subir 0,6% em 2015 ante 2014, em um cenário de pastos melhores nas principais regiões produtoras, mas também de maior retenção de fêmeas, estimou nesta quarta-feira a consultoria Agroconsult. A produção deste ano foi projetada em 10,134 milhões de toneladas de carne in natura com osso (ou equivalente carcaça, no jargão do setor), contra 10,075 milhões de toneladas em 2014. A consultoria chegou a projetar alta de 2% para este ano, mas revisou os dados levando em conta a situação de mercado e também das pastagens. As condições dos pastos e dos confinamentos do País foram avaliadas na expedição técnica Rally da Safra, que percorreu onze Estados e cujos resultados foram apresentados em um evento nesta quarta-feira em São Paulo. "Tenho oferta de forragem maior do que tinha em anos anteriores. A tendência é que os produtores consigam segurar mais animais nas fazendas", disse o analista Maurício Nogueira, da Agroconsult. As pastagens do centro-sul do País foram afetadas por um período de forte seca no início de 2014, mas têm se recuperado nos últimos meses, em parte com a ajuda de chuvas acima da média provocadas por um fenômeno El Niño moderado. A boa situação dos pastos deslocou o pico das vendas dos pecuaristas, que geralmente ocorre quando começa a temporada seca. "O momento que a gente sempre teve em maio foi deslocado agora para junho e julho, porque choveu mais e a gente teve condições de guardar esses animais nos pastos", afirmou Nogueira. Essa maior oferta se reflete nas cotações, que caíram quase 5% desde o pico histórico registrado em meados de abril. O indicador Esalq/BM&FBovespa do boi gordo fechou em 143,71 reais por arroba nesta quarta-feira, ante máxima de 150,65 reais em 20 de abril. O ano começou com desaceleração na produção de carne no País. Os dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostraram, na semana passada, que os abates de bovinos nos três primeiros meses do ano ficaram 7,7% abaixo do mesmo período de 2014. A Agroconsult não estimou ainda o volume de abates do período entre janeiro e junho, mas os indicativos são de forte atividade a partir de agora. "A gente imagina que tenha sido represada parte da produção do primeiro semestre", disse o analista. A retenção de fêmeas deve ser o grande fator de dúvida sobre a oferta de animais nos próximos meses. É certo que os pecuaristas estão abatendo menos fêmeas, para produzir um rebanho maior no futuro e embolsar os lucros com os preços aquecidos, mas o tamanho desta retenção ainda é desconhecido. "O grande fiel dessa balança é quanto por cento o produtor vai segurar de fêmeas (no segundo semestre). O produtor está olhando para a fazenda e vendo que tem pasto. Ele fala 'dá para segurar'. Se isso ocorrer, a gente pode terminar o ano com rebanho maior que o esperado", disse Nogueira. Em relação ao confinamento de bovinos no Brasil, a Agroconsult estimou 5,19 milhões de cabeças confinadas em 2015, ante 4,67 milhões em 2014.

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