segunda-feira, 20 de julho de 2015

Janot defende sua candidatura, rebate as críticas, diz que investiga fatos, jamais instituições, e procura aliviar conflito com Senado e Câmara


Diante do risco de ter a recondução barrada no Senado, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, rebateu nesta segunda-feira as críticas de que tem agido de forma seletiva durante as investigações da Operação Lava Jato. O clima adverso ao procurador, cujo mandato termina no dia 17 de setembro, cresceu na semana passada, com a deflagração da primeira ação centrada em políticos envolvidos no esquema do Petrolão, entre eles três senadores - Fernando Collor (PTB-AL), Fernando Bezerra (PSB-PE) e Ciro Nogueira (PP-PI). Em nota, Janot disse que o Ministério Público mantém uma relação de "harmonia" e de "respeito" com os poderes da República e destacou que é prerrogativa de sua função conduzir investigações "de forma sóbria e responsável em relação às altas autoridades da República, sejam elas do próprio Ministério Público ou dos Poderes Legislativo, Judiciário ou Executivo". "O PGR, no exercício regular de suas atribuições, investiga fatos, jamais instituições. No contexto de um regime democrático, o Ministério Público sempre buscou o diálogo permanente com os poderes constituídos no propósito de fortalecer a República brasileira, o que passa necessariamente - ao contrário das declarações desairosas veiculadas em matéria jornalística - pelo funcionamento de um Senado Federal altivo e de pé", continuou Rodrigo Janot. A declaração do procurador é dada dois dias depois de o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), dizer, em pronunciamento, que houve excessos "em vários episódios" na Lava Jato. O peemedebista, também investigado no esquema de corrupção, é um dos principais críticos à condução das investigações pelo Ministério Público e, na semana passada, classificou como uma "invasão" as ações de busca e apreensão nas residências dos senadores. Cabe ao Senado chancelar a indicação do presidente da República para o comando do Ministério Público. A votação se dá de forma secreta e passa pela Comissão de Constituição e Justiça e pelo plenário. Aliado de Renan Calheiros, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), é outro parlamentar que declarou guerra ao procurador-geral da República. Ele acusa Rodrigo Janot de ameaçar o executivo Julio Camargo, da Toyo Setal, que mudou a versão do depoimento e passou a incriminar Cunha no esquema de corrupção da Petrobras. Cunha diz que foi "escolhido" para ser investigado por Rodrigo Janot.

Nenhum comentário: