sexta-feira, 24 de julho de 2015

Executivos da Odebrecht e Andrade são denunciados em ação da Lava Jato


Executivos de duas das maiores construtoras do País, a Odebrecht e a Andrade Gutierrez, foram denunciados à Justiça nesta sexta-feira (24) sob acusação de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa. Esta é a primeira acusação formal contra executivos dessas duas empresas, investigadas na Operação Lava Jato há pelo menos oito meses. Entre os denunciados estão os presidentes Marcelo Bahia Odebrecht, da Odebrecht, e Otávio Marques de Azevedo, da Andrade Gutierrez. Os dois, além de outros seis executivos, estão presos preventivamente desde junho. O Ministério Público Federal, que ofereceu a denúncia, sustenta ter provas de que a Odebrecht e a Andrade Gutierrez faziam parte de um cartel que combinava o resultado de licitações na Petrobras e pagava propina sobre os contratos. Ao contrário das empresas investigadas até aqui, as duas companhias faziam a maioria dos pagamentos no Exterior, segundo os procuradores, por meio de um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro que usava contas secretas e empresas offshore, controladas pelas empreiteiras. Nesta quinta-feira (23), o Ministério Público Federal já havia apresentado documentação bancária recebida da Suíça, que mostra depósitos da Odebrecht em contas ligadas aos ex-diretores da Petrobras, Paulo Roberto Costa, Renato Duque, Jorge Zelada e Nestor Cerveró, além do ex-gerente Pedro Barusco. Investigação feita pelo Ministério Público da Suíça aponta que subsidiárias da Odebrecht no Exterior estão na origem de pagamentos que somaram US$ 17,6 milhões (R$ 59 milhões) a ex-dirigentes da Petrobras em contas secretas na Europa. As informações bancárias levantadas pelas autoridades suíças embasaram a decretação de uma nova prisão preventiva de Marcelo Odebrecht e de outros executivos da companhia nesta sexta-feira (24). Em relação à Andrade Gutierrez, os procuradores entenderam que a empresa participava do cartel na Petrobras, com base no depoimento de colaboradores. Documentos também demonstram pagamentos de pelo menos R$ 4,9 milhões ao lobista Mario Goes e ao operador Fernando Baiano, presos na Lava Jato – que, para o Ministério Público, não se justificam e seriam uma prova do esquema de corrupção. Foram denunciados seis executivos ligados à Odebrecht e cinco à Andrade Gutierrez (incluindo ex-funcionários). São eles: da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, Rogério Santos de Araújo, Alexandrino de Salles de Alencar, Márcio Faria da Silva, Cesar Ramos Rocha e Paulo Sérgio Boghossian. Da Andrade Gutierrez, os denunciados são Otávio Marques de Azevedo, Flávio Gomes Machado Filho, Antonio Pedro Campello de Souza, Paulo Roberto Dalmazzo e Elton Negrão de Azevedo Júnior. Também estão entre os denunciados os ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa e Renato Duque; o doleiro Alberto Youssef; os operadores Fernando Soares (o Baiano), Bernardo Freiburghaus, Mario Goes e Lucelio Goes; e os ex-funcionários da Petrobras, Celso Araripe e Pedro Barusco Filho; e Armando Furlan Junior, sócio do Fernando Baiano em empresas suspeitas de repassar propina. O juiz federal Sergio Moro, da Justiça Federal no Paraná, responsável pelos processos da Lava Jato, é quem irá decidir se aceita ou não a denúncia – em caso positivo, os executivos passam a ser considerados réus. Moro, nesta sexta-feira, autorizou a transferência dos executivos da Andrade Gutierrez e da Odebrecht que estão presos na carceragem da Polícia Federal para um presídio comum, o Complexo Médico Penal, em Pinhais, no Paraná. 
CONFIRA A LISTA DOS DENUNCIADOS
Crimes: organização criminosa, corrupção e lavagem de dinheiro
1. Alberto Youssef, doleiro
2. Alexandrino Alencar, ex-diretor de relações internacionais da Odebrecht
3. Antonio Pedro Campelo de Souza Dias, diretor da Andrade Gutierrez que assinou contratos da empreiteira com empresas do acusado de ser operador do esquema Mário Góes
4. Armando Furlan Júnior, acusado de operar empresa de fachada
5. Bernardo Schiller Freiburghaus, acusado de distribuir propina da Odebrecht no exterior
6. Celso Araripe d'Oliveira, gerente da Petrobras, suspeito de levar propina em obra da construção da sede da estatal em Vitória
7. Celso Ramos Rocha, ex-diretor da Odebrecht
8. Eduardo de Oliveira Freitas Filho, empresário
9. Elton Negrão de Azevedo Júnior, executivo da Odebrecht
10. Fernando Antônio Falcão Soares, o Fernando Baiano, apontado como operador do PMDB no esquema de corrupção da Petrobras
11. Flávio Gomes Machado Filho, executivo da Andrade Gutierrez
12. Lucélio Roberto Góes, filho de Mário Góes e suspeito de lavagem de dinheiro
13. Marcelo Bahia Odebrecht, presidente do grupo Odebrecht
14. Marcio Faria da Silva, executivo da Odebrecht
15. Mario Góes, acusado de intermediar propina entre empreiteiras e dirigentes da Petrobras
16. Otávio Marques de Azevedo, ex-presidente da Andrade Gutierrez
17. Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras
18. Paulo Roberto Dalmazzo, ex-executivo da Andrade Gutierrez
19. Paulo Sérgio Boghossian, engenheiro
20. Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras
21. Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras
22. Rogério Araújo, ex-diretor da Petrobras

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