segunda-feira, 6 de julho de 2015

“Dilmãe, eu quero/ Dilmãe, eu quero/ Dilmãe, eu quero mamaaar’; “Ah, que bom seria/ se o petista soubesse economia”

Eita! Eu não tinha visto ainda. No vídeo abaixo, o ministro Miguel Rossetto (Secretaria Geral da Presidência) é homenageado num voo, consta, Brasília-São Paulo. A postagem mais antiga no Youtube é de 27 de maio.

Os refrões:
– “Dilmãe, eu quero, Dimãe, eu quero mamar/ Dá uma teta, dá uma teta/ dá uma teta pro petista mamar”;
– Ô, vamos fechar o PT, vamos fechar o PT, vamos fechar o petêêê…
– Ah, que bom seria/ se petista entendesse economia…
Assistam. Volto em seguida.
Notem que o comportamento no voo parece ser compatível com os só 9% que acham o governo Dilma ótimo ou bom. E avião, hoje, como dizem os petistas, é um símbolo da integração de classes, já que um dos orgulhos dos companheiros, segundo eles mesmos, é fazer pobre voar. Quem não se manifesta, por timidez ou algum outro receio, expressa sua anuência com um sorriso.
Reparem num jovem loura, à direita no vídeo. Ela chega a ensaiar uma adesão explícita, avança um pouquinho, recua. Numa próxima, vez, tudo indica, ela se joga…
É, a coisa não vai bem para eles porque não vai bem para o país. Noticio o que está por aí, mas, já disse, não endosso esse tipo de manifestação — e não é hipocrisia, não. Por outro lado, é absolutamente compreensível o que está em curso.
Ao longo de 12 anos, estamos no 13º da gestão companheira, seja no discurso oficial, seja nas redes sociais, seja nas ruas mesmo, os petistas foram de uma arrogância insuportável. Nunca quiserem debater. Sempre preferiram o caminho da desqualificação da crítica. Não souberam, o que é impressionante, ouvir nem os próprios aliados.
É sintomático que justamente Miguel Rossetto tenha sido alvo das manifestações de desagrado. Ele nem é assim um ministro tão conhecido. Ocorre que sua principal tarefa no governo é ouvir os tais movimentos sociais. E o que são os movimentos sociais? Ora, nada mais do que franjas do PT: MST. MTST, quilombolas, sindicalismo gay e vai por aí… Pergunta: quem conversa com o cidadão que não tem estrela no peito, que não pertence a movimento nenhum, que é representante apenas do seu próprio esforço e de sua dedicação ao trabalho?
Resposta: ninguém!
Eis aí: enquanto a economia brasileira se ancorou em alguns pilares de barro — iriam ruir, mas sustentaram a fantasia redistributivista do petismo —, os militantes ocuparam a cena, calaram os que resistiam na base do berro e da intimidação, sonharam com dois mil anos de poder, brincaram de Terceiro Reich…
Os críticos não eram críticos, mas sabotadores; os adversários não eram adversários, mas inimigos.Ou se estava com eles, na posição de subordinado, de joelhos, ou se estava contra eles. E, nesse caso, pobre de quem se tornou alvo da máquina de desqualificar biografias. Lula já tinha destruído toda a memória do sindicalismo que veio antes. E se encarregou também de reescrever a história política.
Assim, um notável democrata, como FHC, que, com o Plano Real, tirou o país da rota do desastre, passou a ser o arquiteto da herança maldita. O ex-presidente seria aquele que só fez mal ao Brasil, que não olhou para os pobres, que fabricou um regime de exclusão. José Sarney e Fernando Collor, no entanto, ex-adversários de Lula, bandearam-se para o governo e passaram a ser tratados como homens de ilibada trajetória democrática.
Quando o ministro encarregado de falar com os movimentos sociais é alvo de tal manifestação num avião, estamos diante do fim de uma quimera. Acabou a brincadeira. A distopia petista condenou o Brasil ao atraso e levou a administração pública ao grau zero da moralidade e da ética.
No vídeo, Rossetto se zanga e argumenta com o dedo em riste. É compreensível que não goste. Espero, no entanto, que aprenda alguma coisa. Ele tem dois caminhos: a) admitir os desastres da gestão petista, o que, creio, não fará; b) imaginar que aqueles trabalhadores que protestam no avião são todos procuradores da velha ordem burguesa, que seu partido, o PT, jurou combater, contando, para tanto, com o concurso de José Sarney e de Fernando Collor.
O PT se desmancha numa velocidade que impressiona até os que sempre torceram por isso. Suas bases eram mais frágeis do que imaginaram seus críticos.  E essa, sem dúvida, é uma boa notícia. Por Reinaldo Azevedo

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