sábado, 13 de junho de 2015

Recurso impede libertação de Pantera Negra preso há 43 anos em solitária

Albert Woodfox, de 68 anos, mantido na solitária em uma prisão do Estado americano da Lousiana há mais de quatro décadas, terá de permanecer detido por, ao menos, algumas semanas. Um tribunal federal de apelações dos Estados Unidos negou nesta sexta-feira (12) a soltura imediata de Woodfox, membro dos Panteras Negras, grupo terrorista, marxista, de defesa dos negros americanos.


Na segunda-feira, o juiz federal James Brady ordenou que Woodfox fosse libertado imediatamente e vetou um novo julgamento. O Estado, no entanto, apelou da decisão. Para impedir que o preso seja libertado antes do julgamento do recurso, o Estado entrou com pedido para bloquear temporariamente a ordem de soltura. O Tribunal de Apelações do Quinto Circuito havia concedido o bloqueio até esta sexta-feira e, agora, renovou a ordem até que o recurso seja julgado. A corte, no entanto, determinou celeridade no processo. "Embora seja impossível prever a data da audiência, isso significa ao menos algumas semanas – ou meses– até que Albert seja finalmente libertado", afirmou Tory Pegram, coordenadora da campanha pela libertação. Woodfox passa 23 horas por dia em uma cela de dois metros por três metros, sozinho. Ele é a segunda pessoa a passar mais tempo em solitária ao longo da história dos Estados Unidos. Em 1972, ele foi acusado, ao lado de outro Pantera Negra, Herman Wallace, pela morte de um guarda penitenciário. Os dois foram colocados na solitária no mesmo dia e, um ano depois, condenados à prisão perpétua. Woodfox nunca assumiu a autoria do crime e diz ter sido perseguido por causa da militância dentro da prisão. Sua condenação já foi revogada por três vezes na Justiça. Em todas as ocasiões, o procurador-geral da Lousiana recorreu e, em fevereiro deste ano, decidiu iniciar o processo para levar o detento a um terceiro julgamento. Na quinta-feira, um grupo de deputados da Assembleia Legislativa da Louisiana apresentou uma resolução pedindo que o procurador-geral do Estado retire o recurso contra Woodfox. O projeto, no entanto, foi rejeitado. De acordo com a autora da proposta, a democrata Patricia Smith, o Estado já gastou muito dinheiro tentando manter a condenação do preso. "Manter alguém na solitária por 40 anos é absolutamente inconcebível", afirmou: "Todas as testemunhas estão mortas. Ele não pode ter um julgamento justo".

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