domingo, 21 de junho de 2015

Governo petista vê meta de superavit distante e deve discutir redução

A redução da meta fiscal deste ano, considerada pela própria equipe econômica como quase impossível de ser cumprida, deve ser levada a debate com Dilma Rousseff nos próximos dias. Segundo assessores, superada a questão sobre o fator previdenciário e depois que for votada a última medida do ajuste fiscal, o governo precisa discutir como ficará a meta neste ano de economizar R$ 66,3 bilhões, equivalente a 1,1% do PIB, para pagamento da dívida pública. Um assessor palaciano disse que uma ala do governo defende discutir o assunto com a presidente já na próxima semana. Segundo ele, já está praticamente provado que, diante da impossibilidade política de aprovar aumento de impostos que gerem receita expressiva, como a volta da CPMF, não há outra saída a não ser reduzir a meta de superávit primário. O único caminho disponível, diz, seria aumentar o corte de gastos, mas isso paralisaria o governo e geraria uma "gritaria" enorme na Esplanada dos Ministérios, freando ainda mais a economia. "Não estamos querendo reduzir os cortes já feitos, mas evitar que eles sejam elevados. Não há espaço", diz essa fonte petista. A ala política do governo Dilma defende reduzir a meta de superávit deste ano de 1,1% para 0,6% do PIB. A de 2016, de 2% para 1%. E a de 2017, de 2% para 1,5%. Esses números não agradariam ao ministro Joaquim Levy (Fazenda), significariam simplesmente o descrédito absoluto do Brasil. No momento, ele prefere não debater oficialmente o tema e vai trabalhar para postergar a discussão. Internamente, porém, sua equipe avalia como factível reduzir para 0,8% a meta deste ano, para 1,5% a do ano que vem e manter em 2% a de 2017. Antes de debater o tema com Dilma, Levy quer elaborar uma lista de medidas que poderão gerar receita extra neste ano que não sejam aumento de impostos – como acelerar cobranças judiciais. O maior temor da equipe econômica é passar sinal de descontrole fiscal que leve à perda do grau de investimento do País dado pelas agências de classificação de risco. Levy, contudo, recebeu uma boa notícia da Standard & Poor's, agência que enquadra o Brasil na última nota antes da perda do grau de investimento. Em mensagem ao ministro, ela informou que, se o País atingir uma meta fiscal de 0,8%, já será positivo. Na avaliação da S&P, o mais importante é que o governo está comprometido com recuperação da credibilidade fiscal. Além disso, vê com bons olhos o trabalho do Banco Central de reduzir a inflação. Na Moody's, a sinalização é diferente. Ela indicou que deve rebaixar a nota do País por causa do cenário mais negativo na área fiscal. O rebaixamento, no entanto, não faria o País perder o selo de bom pagador para essa agência, pois o Brasil encontra-se no penúltimo nível do grau de investimento. A Fitch também põe o Brasil dois degraus acima do nível mínimo de investimento.

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