terça-feira, 23 de junho de 2015

Delator envolve executivo Alexandrino Alencar, da Odebrecht, ligado a Lula, e juiz prorroga prisão


O juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, prorrogou nesta terça-feira por 24 horas a prisão temporária do lobista da Odebrecht, Alexandrino Alencar, apontado como companhia frequente do ex-presidente Lula X9 (ele delatava companheiros para o Dops paulista, durante a ditadura militar, conforme Romeu Tuma Jr, em seu livro "Assassinato de reputações") em viagens internacionais para lobby em favor da empreiteira. A prisão temporária de Alexandrino Alencar vencia nesta terça-feira, mas o juiz ampliou o prazo após o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, ter implicado o executivo em um esquema de pagamento de propina envolvendo a petroquímica Braskem. Na manhã desta terça-feira, Paulo Roberto Costa prestou depoimento na Polícia Federal em Curitiba (PR) em que confirma que o lobista Alexandrino Alencar negociou com o doleiro Alberto Youssef e com o ex-deputado federal José Janene (PP-PR) o pagamento de 3 a 5 milhões de dólares em propina, entre 2006 e 2012. "Paulo Roberto recorda-se de ter participado de uma reunião em um hotel de São Paulo em que estavam o declarante, José Janene e Alexandrino, sendo que nessa oportunidade foi tratado de forma clara o assunto relacionado ao pagamento de vantagens ilícitas em troca de benefícios a Braskem na compra de nafta da Petrobras", diz trecho do depoimento do ex-dirigente. No prazo de um dia o Ministério Público e a defesa do acusado devem se manifestar, mas nos bastidores, a avaliação é a de que Moro deve converter nesta quarta-feira a prisão temporária em preventiva, que é aquela em que não há prazo determinado para o término. Em acareação promovida nesta segunda-feira na Polícia Federal de Curitiba, o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobras confirmaram que a Braskem, petroquímica ligada a Odebrecht, pagou de 1% a 3% em propina, em dinheiro, tanto para Costa quanto para políticos filiados ao Partido Progressista (PP). Entre os parlamentares citados estão os deputados e ex-deputados Pedro Henry, Pedro Corrêa, ambos já condenados no julgamento do Mensalão, Nelson Meurer, João Pizzolati, Mario Negromonte, Luiz Fernando Sobrinho, José Otávio, Arthur de Lira, Dudu da Fonte e Aguinaldo Ribeiro e os senadores Ciro Nogueira e Benedito de Lira. No esquema de pagamento de propina, o dinheiro era desembolsado para acelerar a compra de nafta, composto proveniente do petróleo utilizado como matéria-prima do setor. De acordo com o depoimento desta terça-feira, Paulo Roberto tinha direito a uma parcela da propina desembolsada pela Braskem e recebia em valores em contas bancárias secretas na Suíça por meio de Bernardo Freiburghaus, citado pelo Ministério Público como o operador que atuava em favor da Odebrecht no escândalo do Petrolão do PT. A Polícia Federal havia pedido que a prisão temporária de Alexandrino Alencar fosse convertida diretamente em prisão preventiva, mas Moro não acatou a solicitação de imediato. No mesmo despacho, Moro colocou em liberdade outras três pessoas presas na última sexta-feira na 14ª fase da Lava Jato: Antônio Pedro Campelo de Souza, Flávio Lúcio Magalhães e Christina Maria da Silva Jorge.

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