sexta-feira, 12 de junho de 2015

BANCO MUNDIAL AFIRMA QUE BRASIL AFUNDA NO CRESCIMENTO NEGATIVO


Nesta reportagem de Flávia Barbosa, o jornal O Globo informa desde Washington que os economistas do Banco Mundial estimam retração de 1,3% do PIB brasileiro este ano. Leia tudo: "Com um escândalo de corrupção de grandes proporções dominando as atenções sobre o país, “o Brasil tem tido pouca sorte, afundando no crescimento negativo”, afirmou ontem o economista- chefe do Banco Mundial, Kaushik Basu, no lançamento da nova edição do relatório “Perspectiva Econômica Global”, em Washington. O time de economistas da instituição multilateral projeta uma contração do Produto Interno Bruto ( PIB) brasileiro de 1,3% em 2015. O número é mais pessimista que a avaliação do Fundo Monetário Internacional ( FMI) feita em abril — de queda de 1%— e está em linha com o mercado financeiro, que projetou retração de 1,3% no último boletim Focus, apurado pelo Banco Central ( BC), que circulou na segunda- feira. Os principais motivos para o desalento do Banco Mundial com a economia brasileira são a acentuada redução do investimento e a fraca confiança do setor privado e das famílias, “devido às investigações ( da Operação Lava- Jato) em andamento”. Para a recessão contribuem ainda os reajustes de preços administrados, que fizeram a inflação saltar a mais de 8% no acumulado em 12 meses, forçando aperto de juros; os baixos preços das commodities, que afetam as receitas com exportações; uma seca mais forte que o esperado; e gargalos do lado da oferta ( infraestrutura, mercado de trabalho, carga tributária etc.). O Banco Mundial acrescenta ainda incertezas no fornecimento de energia como uma trava à produção industrial. A forte depreciação do real frente ao dólar trouxe a taxa de câmbio para um patamar mais favorável às exportações, mas, salienta a instituição, o Brasil vai tirar proveito limitado do cenário. “A competitividade das exportações continua a ser detida por gargalos estruturais, incluindo uma infraestrutura deficiente, abertura comercial limitada e um pequeno número de firmas exportadoras”, diz o relatório. Segundo o time de economistas da instituição, o Brasil é, ao lado dos países em desenvolvimento exportadores de petróleo, uma das “decepções” da economia global, que cresce mais lentamente do que anteriormente estimado. "O Brasil, com o seu escândalo de corrupção no topo das atenções, tem tido pouca sorte, afundando no crescimento negativo", afirmou Basu, economista chefe do Banco Mundial e vice- presidente sênior do organismo multilateral. Com o resultado projetado para o seu PIB, o Brasil está contribuindo também, avalia o Banco Mundial, para a desaceleração da América Latina e para as trajetórias “crescentemente divergentes” entre os Brics — grupo de emergentes que reúne ainda Rússia, Índia, China e África do Sul. A Rússia terá recessão acentuada este ano ( queda de 2,7% do PIB), e a África do Sul patina, de acordo com as projeções. Já a Índia pela primeira vez lidera o ranking de crescimento do Banco ( 7,5%), enquanto a China, mesmo desacelerando, mantém ritmo forte, a 7,1% este ano. Para a equipe de Basu, a recuperação da economia brasileira, se consolidada, será “modesta” nos próximos dois anos. Em 2016, o crescimento seria de 1,1%, passando a 2% em 2017.

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