sábado, 16 de maio de 2015

Varejo tem o pior mês de março desde 2003

As vendas no chamado varejo restrito, que mede a compra de produtos para o dia a dia das famílias como alimentos, vestuário e combustíveis, tiveram o pior mês de março em 12 anos. Encerraram o primeiro trimestre com a queda mais intensa para o período desde o início de 2003, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O recuo entre janeiro e março foi de 1,7% em relação aos últimos três meses de 2014, puxado por móveis, eletrodomésticos e combustíveis e lubrificantes. O varejo ampliado, que inclui veículos e material de construção, também bateu recordes, com o pior índice de vendas para um primeiro trimestre em toda a história da pesquisa. O menor crescimento da renda das famílias, a desaceleração do crédito, o temor do aumento do desemprego e a inflação elevada são apontados como fatores por trás da decisão dos consumidores de pisar no freio. Apenas no mês de março, o varejo restrito registrou queda de 0,9% em relação a fevereiro, enquanto o varejo ampliado teve recuo de 1,6% no período. Em ambos os casos, é o pior resultado para o mês desde 2003. Os resultados foram piores do que o esperado em média pelos economistas. Alguns anunciaram que vão rever suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre, que será anunciado pelo IBGE em 29 de maio, e talvez até para um período mais longo. "O fato de ter vindo pior que o imaginado também coloca uma visão mais pessimista sobre a economia em 2016", ponderou o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito: "Todo o ajuste praticamente será em cima dele (varejo)". Já a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) passou a prever queda de 0,4% no volume de vendas do varejo este ano, algo inédito desde 2003. "A confiança dos consumidores, abalada pela queda no nível de atividade econômica e seus reflexos sobre o mercado de trabalho, tem impedido qualquer reação do setor, a despeito do recuo da inflação nos produtos comercializáveis", analisou Fabio Bentes, economista da CNC.

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