sexta-feira, 8 de maio de 2015

Sócio de consultoria nomeado por Temer deixa o governo


O sociólogo Thiago Gonçalves de Aragão, dono de um escritório que traça estratégias de lobby para bancos e outras grandes empresas do setor privado em Brasília, pediu demissão do cargo de assessor da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), para o qual foi nomeado pelo vice-presidente Michel Temer. A portaria com a anulação da sua nomeação foi publicada nesta sexta-feira, no Diário Oficial da União. Aragão foi diretor e é dono de uma fatia da Arko Advice, que se intitula a "principal empresa brasileira de análise política, estratégia e public affairs (relações públicas)". Na prática, segundo o próprio Aragão, o escritório orienta gigantes do setor privado sobre como exercer o lobby por seus interesses no Congresso e no governo. Segundo a vice-presidência, Aragão entregou nesta quinta-feira uma carta em que desistia de ocupar o novo cargo. O conteúdo da carta não foi divulgado. No mesmo dia, o presidente da Comissão de Ética dos Agentes Públicos da Presidência e Vice-Presidência da República, Carlos Humberto de Oliveira, informou que o colegiado iria analisar o caso. A nomeação de Aragão provocou questionamentos dentro do Palácio do Planalto. De acordo com um auxiliar da presidente Dilma Rousseff, o caso expõe uma situação "delicada", que pode levantar questões de conflito de interesse. Como diretor da Arko, Aragão era responsável pela "criação de estratégias de comunicação institucional" de multinacionais em operação no Brasil. A empresa é presidida pelo pai dele, Murillo Aragão, que é membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o chamado Conselhão, colegiado de assessoramento da presidente Dilma Rousseff na formulação de políticas públicas. Embora tenha se afastado do cargo de diretor da Arko para assumir o cargo de assessor da SRI, Aragão continuou como proprietário do escritório de consultoria. Ele é dono da El Paso Doble Administração e Participações, empresa que integra o quadro societário da Arko, conforme certidões da Receita Federal e da Junta Comercial do Distrito Federal. Na SRI, Aragão teria a missão de "produzir análises e fornecer subsídios estratégicos para aprimorar a relação do Executivo com o Congresso Nacional." Antes mesmo da nomeação, o sociólogo já despachava no quarto andar do Planalto. O salário mensal seria de 8.554,70 reais.

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