terça-feira, 5 de maio de 2015

Petróleo acumula alta de 50% desde o piso do ano e vai a US$ 68,00

O petróleo bateu seu recorde de preço para neste ano na terça-feira (05), superando os US$ 68 por barril, em razão do aumento dos preços oficiais de venda da Arábia Saudita em resposta à demanda mais forte. O petróleo Brent, do mar do Norte, o referencial do mercado internacional, já registra recuperação de 50% depois de sua queda de janeiro, a US$ 45,00 por barril, a cotação mais baixa em cinco anos. Os operadores estão olhando para o futuro, desconsiderando o mercado bem abastecido atual e tomando por foco o crescente consumo da commodity e a desaceleração de sua produção nos Estados Unidos. A Arábia Saudita, maior exportadora mundial de petróleo cru, indicou na terça-feira que não planeja restringir sua produção, que subiu acima dos 10 milhões de barris diários, e o país pretende ampliar sua fatia de mercado. O reino elevou seu preço oficial de venda (OSP) às refinarias da Europa e dos Estados Unidos, na terça-feira, e os manteve firmes para as refinarias da Ásia –uma posição que os operadores entenderam como indicativa de que a Arábia Saudita está confiante em que a demanda mundial continuará a crescer. Ali al-Naimi, ministro do Petróleo saudita e o principal responsável pela decisão da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) de reduzir preços no ano passado, para forçar os produtores de mais alto custo a deixar o mercado, declarou na terça-feira que, "quanto aos preços do petróleo, só Alá sabe", demonstrando pouca preocupação com a possibilidade de que o aumento de preços volte a movimentar o boom do petróleo de xisto betuminoso nos Estados Unidos. A Arábia Saudita e os demais países da Opep reduziram seus OSP no segundo semestre de 2014, para proteger sua fatia de mercado, que estava sob ameaça por causa da produção rapidamente crescente de petróleo de xisto betuminoso nos Estados Unidos e da queda no ritmo de crescimento da demanda, depois de três anos de preços superiores a US$ 100,00 por barril. A próxima reunião da Opep acontece em junho, e a expectativa generalizada é que a organização mantenha a política inspirada pelos sauditas. "Embora os preços tenham subido mais de US$ 10,00 no mês passado, em termos mais amplos o petróleo continua mais barato, se comparado ao passado recente", disseram analistas da Energy Aspects, consultoria petroleira londrina. No entanto, alguns operadores acreditam que a alta de preços possa ter vindo cedo demais, e com intensidade demais. A EOG Resources, maior produtora de petróleo de xisto betuminoso nos Estados Unidos, anunciou nesta semana que retomaria a perfuração de poços por fratura hidráulica na Dakota do Norte e no Texas, se os preços se estabilizarem em torno de US$ 65,00 por barril. O preço de referência do petróleo na bolsa norte-americana Nymex atingiu seu pico anual, chegando aos US$ 61,00 na terça-feira. A EOG anunciou em fevereiro que escavaria mas não colocaria em produção cerca de 85 poços, este ano, esperando por uma recuperação de preços. A Anadarko Petroleum fez anúncio semelhante quanto a 125 poços. Explorar esse acervo de poços já perfurados mas ainda não produtivos pode elevar rapidamente o volume de petróleo no mercado, ainda que os estoques do produto nos Estados Unidos sejam os mais altos em 80 anos. A recente alta foi impulsionada pelos fundos de hedge e outros grandes investidores, que montaram uma aposta recorde na recuperação do Brent, adquirindo mais de 275 milhões de barris de petróleo - o equivalente a três dias da demanda mundial - por meio de contratos futuros e de opções na Intercontinental Exchange. Os fundos também construíram uma posição comprada líquida –a diferença entre apostas em preços mais altos e mais baixos – no contrato de referência do petróleo norte-americano na Nymex. "Posicionamento, sentimento e os fluxos dos fundos continuam críticos para determinar a direção do mercado de petróleo", disse Adam Longson, analista do Morgan Stanley.

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