terça-feira, 19 de maio de 2015

Ministério Público pede informações a Lula sobre viagens pagas pela Odebrecht, o cerco está começando a se fechar

A Procuradoria da República do Distrito Federal cobrou nesta terça-feira do ex-presidente Lula X9 (ele delatava companheiros para o Dops paulista durante a ditadura militar, conforme Romeu Tuma Jr, em seu livro "Assassinato de reputações") esclarecimentos sobre a relação dele com a construtora Odebrecht e determinou que o petista explique viagens que fez, pagas pela empreiteira, para países da América Latina e da África. As suspeitas da procuradora federal Mirella de Carvalho Aguiar são de que o petista, entre 2011 e 2014, tenha praticado tráfico de influência em favor da empresa. Para o Ministério Público, é preciso apurar ainda a atuação de Lula na concessão de empréstimos pelo BNDES e o contexto em que o petista viajou, às custas de empresas, para negociar contratos. Reportagem de VEJA revelou que Taiguara Rodrigues dos Santos ganhou contratos de obras após o ex-presidente Lula X9 ter viajado, com dinheiro da Odebrecht, para negociar transações para a empreiteira. Em 2012, por exemplo, a Exergia Brasil, de Taiguara, foi contratada pela Odebrecht para trabalhar na obra de ampliação e modernização da hidrelétrica de Cambambe, em Angola. O acerto entre as partes foi formalizado no mesmo ano em que a Odebrecht conseguiu no BNDES um financiamento para realizar esse projeto na África. Taiguara é filho de Jacinto Ribeiro dos Santos, conhecido como Lambari, amigo de Lula X9 na juventude e irmão da primeira mulher do ex-presidente. Funcionários do governo e executivos de empreiteiras costumam identificá-lo como "o sobrinho do Lula". A procuradoria deu prazo de 15 dias para que Lula X9 se explique. Mas o Ministério Público quer saber também a versão da Odebrecht, empresa citada por delatores da Operação Lava Jato como um das integrantes do Clube do Bilhão, cartel de construtoras que fraudava obras na Petrobras e distribuía propina a políticos. No pedido em que reúne informações para apurar se Lula cometeu tráfico de influência, o Ministério Público cita diversas menções de que o petista viajou com recursos da Odebrecht em busca de contratos no Exterior. Em um dos casos, a empreiteira teria desembolsado 435.000 reais, por meio da DAG Construtora, para pagar um vôo fretado para que Lula X9 fizesse suas transações em Cuba e na República Dominicana. "Considerando que as obras da Odebrecht são custeadas, em parte, direta ou indiretamente, por recursos do BNDES, caso se comprove que o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva também buscou interferir em atos praticados pelo presidente do mencionado banco (Luciano Coutinho), poder-se-á, em tese, configurar o tipo penal do art. 332 do Código Penal (tráfico de influência)", afirma a procuradora. Na lista de pedidos de informação, o Ministério Público quer saber as relações entre Lula X9 e Taiguara Rodrigues dos Santos, a agenda do petista em países da América Latina nos anos em que se suspeita de tráfico de influência, as justificativas do BNDES sobre os contratos com a Odebrecht e a manifestação da construtora sobre viagens pagas a Lula X9, custos de possíveis palestras do ex-presidente contratadas pela empresa, custos extras arcados pela companhia com o petista e contratos firmados pela empreiteira com países da América Latina e da África.

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