quarta-feira, 20 de maio de 2015

Investigado, Collor acusa Janot de chantagista por quebra de sigilo

O senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) acusou nesta quarta-feira (20) o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de fazer "chantagem" ao determinar as quebras dos seus sigilos bancário e fiscal. Collor é um dos investigados pelo Supremo Tribunal Federal por suspeita de envolvimento com o esquema de corrupção na Petrobras, investigado pela Operação Lava Jato. Da tribuna do Senado, o ex-presidente da República disse que Janot pediu as quebras dos seus sigilos como retaliação aos pedidos de investigações apresentados pelo senador contra o procurador. Na semana passada, Collor protocolou no Senado quatro representações contra Janot por suspeita de crimes de responsabilidade. Se forem acolhidos, podem resultar em um processo de impeachment do procurador. "Conhecendo os preceitos nada republicanos que conduzem as ações do procurador-geral, não me surpreendi quando, um dia após a divulgação pela imprensa das representações que movo contra ele, o senhor Janot, com o nítido intuito de intimidação, solicitou a quebra de meu sigilo bancário e fiscal. Essa conduta, para mim, tem nome. O nome dessa conduta é chantagem. Só que, senhor Janot, o chantagista, comigo não se cria: ele estiola", disse Collor. Apesar das acusações do senador, Janot fez oficialmente o pedido de quebra de sigilo do ex-presidente no dia 7 de maio, como consta no processo em tramitação na Procuradoria-Geral da República. Apesar de o processo estar em sigilo, pessoas que acompanham o caso revelaram a data em que houve a solicitação formal do procurador. Collor apresentou os requerimentos para investigar Janot no dia 12 deste mês. Há vários meses, Collor vem fazendo sucessivos ataques à conduta do Ministério Público. As críticas do senador se intensificaram depois que seu nome apareceu na lista dos investigados da Operação Lava Jato.
 

O senador acusa Janot de agir "sem critérios" na abertura de processos da Lava Jato, selecionando "como bem entende" os que estão sendo investigados pelo STF. Collor também acusa o procurador de abuso de poder por ter requerido busca e apreensão no gabinete do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) — incluído ao lado do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), entre os políticos investigados na Lava Jato. O ex-presidente da República afirma que Janot fez "autopromoção" por ter transformado sua segurança pessoal em um "espetáculo de mídia" durante visita a Minas Gerais — quando recebeu manifestantes contrários ao governo federal. Collor ainda acusa Janot de desperdício de dinheiro público com o uso de passagens e diárias de forma "abusiva" por membros do Ministério Público. Os pedidos de quebra de sigilo de Collor foram determinados pelo ministro Teori Zavascki, do STF, após pedido da Procuradoria-Geral da República. A quebra do sigilo abrange o período entre os dias 1º de janeiro de 2011 a 1º de abril de 2014 e também afeta outras pessoas e empresas suspeitas de relação com o caso, como o ex-ministro de Collor, Pedro Paulo Leoni, que supostamente seria o elo entre o senador e o doleiro Alberto Youssef. Collor é um dos políticos investigados na Operação Lava Jato sob suspeita de ter recebido recursos do doleiro Alberto Youssef, por meio de Pedro Paulo. Youssef disse em sua delação premiada que fez "vários depósitos e entregas para Collor" e que também recebeu recursos no exterior a pedido de Pedro Paulo por conta de um negócio com a BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras. O funcionário de Youssef, Rafael Angulo Lopez, também já disse ter entregado dinheiro em espécie para Collor, o que dificultará o rastreamento desses recursos pela Procuradoria Geral da República.

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