sexta-feira, 8 de maio de 2015

Conservador Cameron obtém vitória retumbante em eleições no Reino Unido


Em um resultado muito melhor do que o esperado, os conservadores do primeiro-ministro David Cameron saíram vitoriosos nesta sexta-feira nas eleições do Reino Unido. Com menos de dez assentos para definir, o Partido Conservador obteve 325 de um total de 650 cadeiras no Parlamento, a caminho de alcançar a maioria absoluta de 326 parlamentares. Derrotados, o vice-premier liberal-democrata, Nick Clegg, e Nigel Farage, do partido ultranacionalista Ukip, deixaram a liderança das legendas. O principal rival de Cameron, o trabalhista Ed Miliband, também deve anunciar sua renúncia ainda nesta sexta-feira. O Partido Trabalhista sofreu uma grande revés, ficando, até o momento, com 229 vagas — uma perda de 25 assentos. Os liberal-democratas também saíram derrotados, caindo para 8 cadeiras. Nigel Farage ficou de fora de Westminster, com seu partido obtendo apenas uma vaga no Parlamento. O Partido Nacionalista Escocês (SNP) passou de 6 para 56 assentos, dos 59 que estavam concorrendo, tornando-se a terceira força nacional. Discursando após conquistar sua própria cadeira no distrito de Oxfordshire, Cameron disse que espera formar um governo nos próximos dias, depois que o Partido Conservador comemorar o que ele descreveu como uma noite muito forte. O premier prometeu que governará para todos e irá trazer mais evolução para o país. "É claramente uma noite muito boa para o partido conservador. Minha meta permanece sendo simples: governar para todos", afirmou. Cameron se reunirá com a rainha Elizabeth II no palácio de Buckingham às 8h30m (horário de Brasília) desta sexta-feira para oficializar sua reeleição e obter seu consentimento para formar um novo governo. Mais cedo, o líder do Partido Trabalhista britânico, Ed Miliband, admitiu que a noite das eleições no Reino Unido foi muito decepcionante para a sua legenda. "Os resultados ainda estão chegando, mas está claro que é uma noite muito decepcionante e difícil para o Partido Trabalhista", disse Miliband. Miliband acrescentou que o próximo governo terá a enorme responsabilidade para lidar com a, particularmente, difícil tarefa de manter o país unido", acrescentou em referência ao enorme destaque dos nacionalistas escoceses. Pela primeira vez na história do reino, o Partido Nacionalista Escocês, o SNP, firmou-se como a terceira maior força política do país, multiplicando por nove seu resultado de 2010. "Felicitações aos nossos 56 deputados e obrigado a todos os que confiaram no SNP", disse o partido no Twitter. Mas se a campanha terminou, o trabalho dos parlamentares está apenas começando. Na quinta-feira, os líderes dos maiores partidos começavam a conjecturar as possíveis alianças. Os conservadores não apenas se mantiveram na liderança, mas também obtiveram um resultado surpreendente: 325 cadeiras, contra as 302 obtidas em 2010. Uma das principais razões para as incertezas que pairam sobre o futuro conservador é o desempenho sofrível do Partido Liberal-Democrata, colega de coalizão dos conservadores desde 2010. Pelas sondagens, eles obteriam somente dez assentos (antes tinham 57) — as pesquisas anteriores apontavam cerca de 30. Seria a conta certa para fechar maioria com os conservadores, porém um resultado muito instável para garantir a tranquilidade do novo governo. Até o início da madrugada, os trabalhistas ainda mantinham esperanças e apostavam em falhas na metodologia da pesquisa de boca de urna, que dava ao partido de Miliband apenas 239 cadeiras, ou 17 a menos do que em 2010. Para a surpresa dos próprios nacionalistas escoceses, as pesquisas de boca de urna indicavam que o SNP teria obtido 58 dos 59 assentos disponíveis na Escócia. O que indica que eles terão peso cada vez maior nas decisões tomadas em Londres e, possivelmente, força suficiente para obter mais dinheiro e autonomia se convidados a formar algum tipo de aliança, ainda que informal. Já o Ukip antieuropeu de Nigel Farage, que registrou um crescimento impressionante nos últimos três anos, teria obtido apenas dois assentos no Parlamento. Especialistas não queriam se comprometer com os números da boca de urna, tamanha a diferença de resultados que apresentavam em relação a todas as outras sondagens realizadas nos últimos dias. Vale lembrar que os dados de ontem, no entanto, foram colhidos diretamente do eleitor após deixar a seção eleitoral. Portanto, em tese, seriam mais confiáveis, na avaliação de alguns especialistas. E até a madrugada, vários cenários eram cogitados pelos analistas. Um deles considerava que os conservadores podem optar por governar com minoria, sem fazer alianças, o que pode lhes criar problemas para obter apoio para medidas menos populares no Parlamento. Outro resultado não estava descartado por completo. Se não houver um acordo possível entre os partidos principais e nenhum primeiro-ministro for capaz de receber o voto de confiança até a Fala do Trono da rainha, em 27 de maio, pode haver outras eleições, como aconteceu em 1974. "Seria problemático. Eleições envolvem muito pessoal e dinheiro dos partidos. Eles fizeram uma mobilização de guerra para atrair os eleitores nos últimos dias", disse Afonso. Para simbolizar a sua neutralidade, a rainha Elizabeth II faz questão de se afastar do processo eleitoral — ela não vota e tampouco permanece em Londres. Muda-se para o castelo de Windsor. A bandeira da realeza só volta a tremular no alto do Palácio de Buckingham, confirmando o retorno da monarca, depois que o cenário político fica mais claro. Mas cabe à rainha a leitura do programa do próximo governo, assim que ele tiver o aval do novo Parlamento. 

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