quarta-feira, 1 de abril de 2015

Queiroz Galvão demite 70 funcionários e coloca outros 500 em aviso prévio

A construtora Queiroz Galvão ameaça paralisar as obras do Complexo Esportivo de Deodoro, na zona oeste do Rio de Janeiro, um dos principais centros de competição dos Jogos Olímpicos. A empresa, responsável pelas obras juntamente com a construtora OAS, demitiu 70 funcionários nesta quarta-feira (1) e colocou outros 500 operários em aviso prévio. O canteiro reúne 1.000 trabalhadores no total. Os demais funcionários podem ser demitidos já na semana que vem. Eles possuem contrato de experiência e não necessitam de aviso prévio. A empresa alegou aos empregados que não tem condições financeiras de mantê-los diante de atrasos nos pagamentos pela Prefeitura do Rio de Janeiro. A construtora iniciou as obras em agosto de 2014, mas só recebeu o primeiro pagamento em janeiro deste ano. Na ocasião, foram pagos cerca de R$ 60 milhões, referentes aos trabalhos executados até novembro. Desde então, não foram feitos novos pagamentos. O contrato total é de R$ 650 milhões e prevê remuneração mensal pelas obras. A situação é preocupante diante do prazo apertado para o início dos Jogos Olímpicos, que serão realizados em agosto de 2016. As obras do Complexo Esportivo de Deodoro já começaram atrasadas, diante da demora no processo de licitação e era um dos pontos de maior preocupação do COI (Comitê Olímpico Internacional). A obra deveria ser entregue pela Queiroz Galvão e pela OAS em dezembro deste ano para que houvesse tempo de realizar testes nos equipamentos. Inicialmente, a construção do complexo ficaria a cargo da União, mas as obras foram delegadas ao município. O governo federal repassou a verba do projeto para a Prefeitura do Rio de Janeiro, que ficou encarregada de licitar e fiscalizar a construção das arenas. A Queiroz Galvão é uma das empreiteiras envolvidas no escândalo de corrupção revelado pela Operação Lava Jato, justamente com a OAS, sua parceira no empreendimento. Ambas são acusadas de participar de um esquema de pagamento de propina a funcionários da Petrobras em troca de vantagens em licitações e contratos na estatal. A OAS protocolou seu recuperação judicial na terça-feira (31). Com R$ 8 bilhões em dívidas, a empresa avaliou que corria o risco de quebrar sem a proteção da Justiça. A Queiroz Galvão, que toca cerca de 30 canteiros de obras no País e emprega 22 mil funcionários, tem situação financeira mais confortável e não corre o risco de ficar insolvente no momento. Os atrasos nos pagamentos de obras públicas, contudo, preocupam à administração da companhia. As obras do VLT (veículo leve sobre trilhos) no trecho entre Santos e São Vicente, lideradas pela construtora, também estão ameaçadas. A Queiroz Galvão colocou 450 dos 800 funcionários que trabalham na obra em aviso prévio. Lá, a justificativa também é de que a falta de remuneração torna inviável mantê-los empregados. O contrato do empreendimento, tocado por um consórcio formado pela Queiroz Galvão e a Trail Infraestrutura, é de cerca de R$ 300 milhões e foi firmado em 2013. Desde outubro do ano passado, porém, não foram feitos pagamentos e hoje já há cerca de R$ 30 milhões atrasados.

Nenhum comentário: