quinta-feira, 9 de abril de 2015

No seu declínio, o PT decidiu manter um breve encontro com a matemática “reacionária e neoliberal”

Nada como um dia depois do outro, com quatro gestões petistas no meio. Fosse este governo do PSDB, do PMDB ou de qualquer outro partido dito “conservador”, a tropa de choque da companheirada estaria vociferando contra o “neoliberalismo” e aquela tal “Dona Zelite”. Como os “companheiros” estão no comando, a coisa muda um pouco de figura. Os ministros Nelson Barbosa (Planejamento) e Carlos Gabas (Previdência) participaram nesta quinta-feira de uma audiência pública no Congresso para tratar das MPs 664 e 665, que concentram parte do ajuste fiscal. O petista Barbosa foi de uma clareza solar: ou se fazem os cortes em benefícios ditos sociais — acesso ao seguro desemprego, ao abono salarial e à Previdência —, ou eles se tornam inviáveis. Mas dá para negociar as medidas do governo?, quiserem saber os parlamentares. O ministro considerou: “Estamos dispostos a negociar alguns pontos, mas queremos manter a estrutura geral das medidas. A proposta que fizemos está no grau correto e a margem de negociação é muito pequena”. Segundo Barbosa, a redução dos gastos que ele considera indevidos com esse benefício será da ordem de R$ 18 bilhões, e isso é essencial para manter os programas. Ok. Eu tendo a concordar com ele, sabiam? Já deixei claro que acho esses ajustes necessários. Como ignorar, no entanto, que essas medidas que o petismo precisa implementar, argumentado em nome do bem dos brasileiros, seriam consideradas a quintessência do reacionarismo se aplicadas por seus adversários? O ministro lembrou dados que já esgrimi aqui. Os gastos com seguro-desemprego crescem 17% ao ano, embora, entre 2003 e 2013, tenha havido um aumento da formalização do trabalho da ordem de 15,5 milhões e um acréscimo de 30 milhões de segurados na Previdência. E conseguiu ser ainda mais taxativo: “Não queremos cancelar o seguro-desemprego”. Leia-se de outro modo: sem as mudanças, ele se torna inviável. O petismo precisa corrigir agora a farra que estimulou ao longo dos anos. As comissões mistas criadas para avaliar as MPs são comandadas por petistas. Aguardo o momento do discurso inflamado dos companheiros em defesa de ações que, até outro dia, seriam acusadas de “neoliberais” e “reacionárias”. No seu declínio, o PT resolveu marcar um breve encontro com a matemática. Por Reinaldo Azevedo

Um comentário:

Paulo Robson Ferreira disse...

O PT resolveu fazer um breve encontro com a matemática. Que bom! Agora falta o Brasil também fazê-lo raciocinando sobre as taxas do cartão de crédito que são absurdamente acima das praticadas no resto do mundo. Enquanto no Brasil se paga 5% aos operadores por uma operação de crédito, nos EEUU paga-se 1%. Na CE menos ainda, mas êles são pobres e nós somos ricos. A economia anual que poderíamos fazer se aplicássemos as taxas civilizadas, seria da ordem de 30 bilhões por ano. É que como no Brasil muito pouca gente sabe matemática, nós ficamos aqui com o custo Brasil estapafúrdio e os bancos mandando nossas economias para suas matrizes. Durante o governo Lula o BC fez um estudo sobre o assunto, pensei até que o problema ia ser resolvido. KKKKKKK. Nosso íntegro presidente de então disse: se tem gente mamando eu quero também! E colocou mais um atravessador no esquema e não fez nada além disso. Esse atravessador se chama CIELO.